Nós somos assim: um país que não tem onde sentar, que não tem o direito de descansar um minuto sequer. Aqui as cadeiras são usadas como armas, como fez Datena contra Pablo Marçal. Datena arremessou o seu cansaço físico, psicológico, político e constitucional no candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo.
Jogou com força. Não feriu como sua raiva previa. Não resolveu o problema do aniquilamento da dignidade pública, que tem sua continuidade permanente no escárnio de Marçal. Sendo ele expulso do debate, aquele que foi achincalhado e reagiu de forma não prevista pelo protocolo da esculhambação tupiniquim, que é muito organizada e não tem hora prevista para acabar. Será isso uma previsão de cartomante?
Na realidade, a cadeirada de Datena em Pablo Marçal não é uma profecia fajuta de algum estelionatário neopentecostal, é uma ilusão de ótica, uma grandiosa ilusão de ótica, feita para os imbecilóides se engajarem e comentarem nas infovias, uma ilusão de ótica cheia de artimanhas, subterfúgios e armadilhas oficiosas.
A cartomante de plantão nem é a TV Cultura, que não é evangélica, mas reza a mesma ladainha de exorcizar o comunismo do Brasil, ou seja, a cultura da TV Cultura é outra ilusão de ótica. A permissividade dessa putaria midiática começa mesmo é no Poder Judiciário, que é quem dá as cartas, de fato. E de direito?
O Supremo Tribunal Eleitoral de São Paulo é outra grande ilusão de ótica: ele sabe que Pablo Marçal é bandido, sabe das ligações dele com o crime organizado, sabe das provas contundentes contra o seu paciente, bem como sabe quem é Andrew Tate e Steve Bannon, da mesma forma que sabe que o zé povinho é “soberano”. É justamente por isso que o STE de São Paulo se recusa a impugnar a candidatura de Marçal.
Quem vem dando cadeiradas sequenciais na dignidade do povo brasileiro é Pablo Marçal. Datena revidou. As inúmeras primeiras cadeiradas na cara da soberania nacional foram dadas por Marçal, Bolsonaro, Moro, Mourão, Heleno, Braga Neto, Dallagnol, Temer, Fufuca, Lira, Pacheco, Campos Neto, Paulo Guedes, TV Cultura, Folha de São Paulo, Globo, agronegócio, a turma do funil da Faria Lima, as forças ocultas e armadas.
O Brasil não descansa porque todos os que usam as cadeiras como armas estão soltos, completamente impunes. Se o primeiro da fila dos bandidos políticos estivesse na cadeia, talvez a cadeia de cadeiradas já tivesse sido interrompida. Mas, é claro que qualquer poder judiciário do mundo tem que ter muitas cadeiras.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri