As bombas fabricadas e explodidas na Praça dos Três Poderes por Francisco Wanderley Luiz, ex-candidato a vereador em Santa Catarina pelo Partido Liberal (PL), tem grande poder de revelação, bem maior do que o poder de destruição pretendido pela soldadesca golpista.
Na realidade, essa bomba caiu no colo do governo e nas entrelinhas da Procuradoria Geral da República. Hoje todo mundo sabe quem é o pretenso terrorista morto, mas ninguém sabe ao certo o que motiva a negligência do governo e da PGR no enfrentamento das tentativas sucessivas de golpe.
Se Tiü França tivesse quebrado qualquer vidro nas dependências do Supremo, no dia 8 de janeiro, ele não estaria morto, ele estaria preso, condenado a 18 anos de prisão. Ele teria sido promovido pelo STF: de subalterno anônimo à subcelebridade oca, na realidade paralela desse país inventado.
Seguindo o roteiro de literatura fantástica que virou o Brasil, Tiü França, até então, era um orc, que respirava seu ar grotesco, gozando de liberdade, tal qual general Heleno, general Braga Neto, Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e todos os outros subalternos implicados nas várias tentativas de golpes, durante 4 anos, e contando.
Apesar de Lula ser o maior político da história do Brasil e um grandioso administrador, o seu governo apresenta ares de naufrágio político. Enquanto que ele busca negociatas para não desagradar o mercado e o Centrão, ele viabiliza uma das maiores descaracterização da esquerda na história política do Brasil.
Se não bastasse a figura desprezível do ministro da defesa, que saiu em defesa da anistia; se não bastassem os corredores do próprio poder, que tramam uma conciliação vergonhosa com a extrema direita do mercado; se não bastasse o jogo duplo do STF; ainda resta Paulo Gonet, indicado por Lula, que assiste a tudo pelas infovias, comendo pizza de vários sabores.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
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