A CONTA DO GOLPE
A situação desesperadora de desgoverno assume deliberadamente a condição de pária mundial, ao mesmo tempo em que fustiga a consciência golpista com uma realidade grotesca, à beira de um abismo monumental, com uma imensa mão suja empurrando todos para um poço sem fundo, de onde só se pode sair quando o maucaratismo for para o purgatório, com sua bazófia moralista e sua roupinha arrumadinha de cidadão de bem. A invertida que Míriam Leitão levou de Dilma Rousseff, em que a ex-presidenta responde à escabrosa “jornalista” sobre um comentário em que a globalóide defende o impeachment de Bolsonaro, citando o impeachment da petista como se fora “injusto”, caso o genocida não leve um pé na bunda, demonstra que é chegada a hora da cara lisa ser enrugada pela vergonha alheia. É chegada a hora em que os olhos buscam o chão à procura de um esconderijo, mesmo sendo indigno e seboso. Não é apenas o miliciano que está acuado por sucessivas acusações de sucessivos crimes de responsabilidade por genocídio durante a pandemia, sendo essa somente uma parte horrenda dos seus horrores, faltando ainda locupletar a lista da barbárie com o extermínio ambiental, o desmonte brutal das políticas públicas, a tortura feita no corpo do SUS, o plano macabro de privatizações, o desmonte criminoso da educação e o assassinato hediondo da economia, entre outros delitos praticados por ele e os 01, 02, e 03, enquanto o Supremo tira a sujeira do nariz com a unha crescida do dedo mindinho. A obsequiosa horda dos cidadãos de bem também está acuada, não todos, uma vez que o contumaz é uma evidência na bandidagem social brasileira. Não existe arrependimento, existe culpa. Enquanto morrem inocentes sem oxigênio, cresce a fila dos descarados. Agora é oportuno lembrar que o seu voto no miliciano está manchado de sangue. Também é oportuno lembrar que isso não é culto eletrônico em que o demônio recebe cachê para entrar em cena, muito menos meme de rede social em que o humor esconde o tumor. Essa é a realidade, banida dos lares currais por estar vestida com a mortalha ideológica.
O GOLPE LEVADO EM CONTA
Deve ser muito deprimente, ou no mínimo constrangedor, para a imprensa golpista noticiar crimes da sua própria cria. Mas nem tanto. O jornal Estadão apresentar editorial pedindo impeachment de Bolsonaro; a rede Globo fazer campanha rotineira a favor do impeachment de Bolsonaro; os articulistas da Folha de São Paulo engolirem a política velha e muito mais quadrilheira daquele que eles diziam ser o “novo”, o avatar do ultraliberalismo, que devolveria o Brasil aos brasileiros; a revista Veja pedir o impeachment de Bolsonaro; a revista Época admitir que foi golpe criminoso contra Dilma; o Supremo Tribunal Federal aceitar que as investidas de Moro contra Lula foram criminosas e que elas ajudaram Bolsonaro ser eleito; tudo isso nunca será um pedido de perdão à sociedade brasileira. Será sempre o reconhecimento de uma escolha errada para a instrumentalização do poder. Essa corja não tem pudor, não tem ética e não tem nenhuma tendência de empatia progressista. São negócios. O Estado é um grande negócio de bilhões de lucros. O fascismo genocida bolsonarista não comove, é a cortina de fumaça da imprensa golpista. As privatizações emperradas incomodam, as reformas engavetadas são imperdoáveis. O Estado que não se torna mínimo é inadmissível, esse é o grande crime do governo do ex-capitão ex-terrorista. Não facilitar que a mão grande e invisível do mercado possa asfixiar os cofres públicos é uma coisa que não estava no pacto ultraliberal de eliminar do poder uma tendência progressista de bem estar social, que implicava no combate à desigualdade através da distribuição de rendas e da facilitação da educação como fator de transformação social da pobreza em dignidade. Os verdadeiros donos do capital e não a classe média costumeiramente confundida com a elite, jamais imaginariam que seriam vítimas de um bando de patetas vigaristas, amadores imbecilóides, que gastam suas horas brincando de forte apache e de guerra fria congelada na mediocridade. O plano deu com bois na água. Agora resta o impeachment. Eis uma saída que é puro beco. Qualquer brasileiro mais atento do que o achista que se acha e que não passa de um boiador das redes sociais, sabe que o impeachment ainda não aconteceu por conta do medo da esquerda voltar ao poder. Mas agora Inês já é assassina. O gado sabe que está indo para o abate, pois o pasto se tornou caro demais e as bufas do rebanho, carregadas de metano, tornou o ar irrespirável.
AS CONTAS DA PANDEMIA
O jornal El País, em sua versão digital, publicou uma importante matéria que mostra uma pesquisa feita pelo Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e a Conectas Direitos Humanos. Essa pesquisa fez um apanhado das normas federais e estaduais sobre as estratégias de combate ao Covid-19. A pesquisa produziu um boletim chamado: Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de Resposta à Covid-19 no Brasil. Foram analisadas 3.049 normas federais e a conclusão é que “Bolsonaro executou uma estratégia institucional de propagação do coronavírus”. Vale muito a pena conferir essa reportagem. Os documentos atestam a negligência intencional aos povos indígenas, a quem Bolsonaro nega até água potável, bem como a total irresponsabilidade para com o trabalhador, incentivado a aglomerar e quebrar as regras de proteção social, sob o pretexto de que se ele não morrer de Covid-19, vai morrer de fome, pois sem produção a economia para. A economia parando ele não será reeleito, segundo sua lógica genocida. Mais uma estratégia genocida foi anunciada pelo desgoverno, depois que a pesquisa foi feita. O governo brasileiro deu o aval para que 72 empresas podessem comprar um lote privado de 33 milhões de vacinas AstraZeneca, dando início ao processo de “privatização” da imunização no Brasil, bem como ao flagelo daqueles brasileiros que não sejam “trabalhadores” dessas empresas, que não estão preocupadas com seus empregados, mas com a produção que não pode parar. Vale ressaltar que o SUS tem no momento apenas 10,2 milhões de doses. É papel do governo comprar esses 33 milhões de doses, se a intenção fosse proteger o povo brasileiro. Porém, mais uma vez o governo se desgasta e consolida sua postura genocida e da pior forma possível: a AstraZeneca nega a venda por motivos de ética, uma vez comprometida com o fornecimento prioritário para governos. O episódio ainda produziu uma peça bufa, das mais desqualificadas, a investida da privatização da imunização fez o mandatário mudar o discurso a favor da vacina, depois de uma intensa campanha negacionista. Assim o gado pira: fica sem saber se balança o rabo ou se chifra. Por outro lado o Supremo Tribunal autorizou uma investigação contra Pazuello, o Sancho, acusado de crime de responsabilidade nas estratégias de combate à pandemia, bem como de saber antecipadamente do colapso criminoso de oxigênio no Amazonas, além de prescrever um “tratamento precoce”, sem utilidade nenhuma. Isso gerou outra cena dantesca quando os comparsas do desgoverno correram para as redes sociais para apagar propagandas do “tratamento precoce” protagonizadas por Bolsonaro e Pazuello. Além disso, um grupo de entidades religiosas entra com um pedido de impeachment por genocídio daquele que tem usado deus acima de tudo. O documento tem a assinatura de 380 autoridades religiosas, entre as quais bispos, pastores, padres e frades, ligadas a igrejas cristãs, incluindo católicas, anglicanas, luteranas, presbiterianas, batistas e metodistas, além de 17 movimentos cristãos. “A motivação principal deste pedido está relacionada à ausência total de iniciativas da parte do governo para diminuir e conter os impactos da pandemia de Covid-19”, essas são as palavras da pastora Romi Bencke, integrante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. Vale ressaltar que boa parte dessas tendências religiosas apoiaram Bolsonaro, o messias da moral conservadora.
AS INCONTÁVEIS CONTAS DO GOVERNO
Um levantamento divulgado pelo Portal Metrópoles especificou os gastos do Governo Federal na gestão Bolsonaro com compras de alimentos em 2020. De acordo com os dados, disponíveis também no Painel de Compras do Ministério da Economia, todos os órgãos do executivo gastaram mais de R$ 1,8 bilhão em compras, com direito a valores e mercadorias inconcebíveis para qualquer governo, mesmo sendo uma republiqueta de patetas. Há quem afirme ser isso uma cortina de fumaça, para esconder situações criminosas. Só que essa é também uma situação em que o dolo ronda feito gatuno nas ruas escuras do centro do Brasil. Gastar 2 milhões de reais em goma de mascar, o popular chiclete, é um indicador muito forte de superfaturamento, como diria um criminoso famoso, Sergio Moro, não há provas ainda, mais uma imensa convicção está grudada nos dentes. Por incrível que pareça, o gasto escandaloso com leite condensado baixou, foi somente de R$ 15.641.777,49. No primeiro ano de desgoverno o gasto foi de R$26 milhões do produto. A prática do superfaturamento de compras não é novidade nenhuma em se tratando de Bolsonaro. Quando ele era deputado ele teve a cara de pau de apresentar uma nota fiscal de gasolina que bateu o recorde da bandalheira rasteira. No mês seguinte as eleições de 2006, o então deputado federal Jair Bolsonaro apresentou uma nota fiscal com o valor aproximado a atuais R$ 16 mil para reembolso da cota parlamentar de uma compra de gasolina. A nota é do Posto Pombal, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro e registra a aquisição de 2.831,38 litros de gasolina. Com quase 3 mil litros de gasolina eu rodo 3 anos seguidos, e o carro ainda fica na reserva. Essa forma grosseira de dilapidar o patrimônio público foi levada para a presidência, bem como a certeza da impunidade. Gastar R$21,4 milhões em iogurte natural em plena pandemia e negar auxílio emergencial, não é uma situação paradoxal, é crime mesmo. Falta oxigênio em Manaus e não faltará legume in natura, uma vez que foi gasta a pequena quantia de R$ 66.741.799,93. Há quem afirme que essas contas são superficiais e as correlações despropositadas para um governo nacional. No entanto, o que se observa são as intenções de gastos, são as prioridades, são as formatações descuidistas, são os argumentos fajutos de um governo fajuto, apoiado por um gado fajuto, empossado por uma imprensa fajuta, propagado por um legalismo fajuto e permitido por um congresso fajuto. O Brasil é fajuto. Só não é fajuto o genocídio, esse tem origem no nazismo, conhecido na via láctea como a mais sofisticada engenhosidade de extermínio que a humanidade já produziu.
*Os pontos de vista aqui emitidos são de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri