Quando eu ouvi o apelo de Dorival, novo treinador da seleção brasileira, pedindo para o povo voltar a usar a camisa da seleção, com entusiasmo vitamínico da alienação rasteira, eu fiquei imaginando o quanto é fácil esse povo ser tratado como otário, o quanto que é fácil massacrar esse povo com imbecilizações varonis.
Dorival, não se faça de abestado. Se liga aí na parada: Hélio Leonardo Neto é um usuário frequente da amarelinha amarelada em marmelada. Ele matou a amante, é marido de uma pastora, é um CAC convicto, bolsonarista convicto. A polícia encontrou em sua casa 80 armas de fogo, além de 16,3 mil munições de vários calibres.
Israel Leal Bandeira Neto, que faz parte da elite bolsonarista cearense, apalpou a bunda de uma mulher quando ela saia de um elevador, de um prédio comercial em Fortaleza. Cena flagrada em vídeo que circula nas infovias. A foto dele, com sua mulher, em um carro de luxo, vestindo a amarelinha, também circula na rede. Uma cena escrota, com direito a comentário escroto: “tbm, quem manda ser gostosa”.
Da Cunha, delegado e deputado federal por São Paulo, bateu na mulher, esculhambou geral, ameaçou a ex-companheira de morte, e ainda barganhou, depois de tudo isso, uma não publicação do vídeo, pois isso acabaria sua carreira política. Ele também faz parte da elite bolsonarista e é usuário da amarelinha. Seu perfil exibe várias fotos dele vestindo a camisa da seleção, portando armas e violência congênita.
Robinho, jogador brasileiro, cabo eleitoral de Bolsonaro, deu entrevista na Record, tv cabo eleitoral de Bolsonaro, afirmando ser inocente, que não estuprou a mulher, episódio que fez com que ele fosse condenado a 9 anos de prisão na Itália, com a justiça italiana, que não é cabo eleitoral de Bolsonaro, apresentando diversas provas. De forma patética ele termina a entrevista pedindo desculpas às mulheres brasileiras. Durante a campanha ele vestiu várias vezes a amarelinha.
Dorival, é melhor parar com os exemplos, que são muitos. É melhor parar com essa postura de que não houve nada, que ninguém está sabendo, que a seleção continua sendo um patrimônio nacional, que em cima da serra tem uma vaca borralheira, que bota ovo de anão que vira sapo depois da meia noite. Eu entendo você defender seu salário. O que eu não entendo é sua presunção.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri