A atitude do senador Eduardo Girão (Novo-CE), de tentar causar número circense no Senado, num protagonismo de pura decadência de caráter, levando um feto de plástico ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, esperando aplausos da claque nazifascista, fez com que outro feto, de verdade, fosse lembrado nas redes sociais.
Eduardo Girão é portador da maior picaretagem moral do Senado, mesmo com uma concorrência de peso que inclui a ex-ministra da Mulher de Bolsonaro, Damares Alves, e o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, o ex-juiz, agora somente suspeito, Sérgio Moro. Eduardo Girão garantiu sua lata de lixo na história por seu protagonismo asqueroso na CPI do genocídio.
O feto de plástico tem pai e mãe, sendo Damares essa figura que daria a vida a essa bisonha manifestação teocrática e medieval contra o “abortismo”. Nada disso surpreende as famílias de “bem”, que vão ao culto vestidos com a camisa da seleção brasileira e que apoiaram outra patacoada de negligência moral aviltante, ocorrida em Santa Catarina.
Em um caso de repercussão internacional, uma criança de 11 anos de idade foi impedida pela justiça bolsonarista de Santa Catarina, na pessoa da juíza evangélica Joana Ribeiro Zimmer, de fazer o aborto, tendo sido ela vítima de estupro. Os detalhes do episódio são relutantes no que diz respeito à sordidez humana empoderada de uma razão burocrática oblíqua e estarrecedora.
A juíza em questão usou o próprio paradigma de defender “terrivelmente” a criança, nesse que é mais um absurdo jurídico em Santa Catarina. Disse ela ao g1: “O direito da criança e adolescência é a minha paixão. É a minha dedicação, meu carinho, meu amor, meu dinheiro, meu tempo, é tudo pra isso. Eu estudo para fazer o melhor possível. Então, dentre as circunstâncias, eu fiz o que era melhor possível”.
Nesse caso, entre as duas crianças, uma que sofreu violentação sexual aos 10 anos de idade, e que aos 11 anos de idade sofreu outra violentação, sendo essa jurídica, e outra ainda um feto em formação, fruto de um estupro, a juíza empoderada escolheu o feto e deixou a criança estuprada se recolher à sua condição de humilhação irrevogável.
‘Suportaria ficar mais um pouquinho?’, ‘queres escolher um nome?’ e ‘você acha que o pai concordaria?’: As frases da juíza Joana Ribeiro Zimmer para menina de 11 anos estuprada, são essas frases que estampam a manchete de uma matéria do G1 de Santa Catarina, no calor do acontecimento.
Essas frases foram retiradas de um vídeo oficial da audiência em que a juíza e a promotora Mirela Dutra Alberton, encenam uma verdadeira cena de horror em nome da “defesa” da vida e contra o aborto, digna da escatologia da indústria do cinema cretino americano. A única diferença nos dois casos é que um feto é de plástico e o outro é a composição real da hediondez humana.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri