A clínica de repouso onde 33 mulheres eram aprisionadas em celas teve o alvará sanitário suspenso pela Secretaria de Saúde do Crato após a polícia descobrir as condições sub-humanas em que as internas viviam no local. A informação foi repassada pela pasta na manhã desta sexta-feira (13).
Curta e siga nossas redes sociais:
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso Whatsapp.
Conforme a secretaria, a clínica, que funcionava desde 2015 e abrigava idosas e internas com problemas psiquiátricos entre 30 e 90 anos, tinha alvará sanitário emitido em novembro de 2020, como casa de acolhimento, com vigência até novembro de 2021. Na ocasião da emissão, segundo a Secretaria de Saúde, o local “‘apresentava condições salubres e de funcionamento”.
“Após visita, foram verificadas, naquele momento condições salubres e de funcionamento, com apresentação de vistoria do Corpo de bombeiros, planos de contingência para enfrentamento do coronavírus e outros documentos necessários, e o mesmo teria vigência até novembro de 2021”, afirma o órgão em nota.
Porém, após a operação da Polícia Civil que prendeu o diretor do local Fábio Luna dos Santos, de 35 anos, por abuso sexual contra duas internas e flagrou as mulheres presas no local, uma nova vistoria foi realizada pela Vigilância Sanitária, que “constatou a área não existente ou omitida na visita anterior”.
“Diante da denúncia, a Vigilância Sanitária realizou visita ao local e constatou área não existente ou omitida na visita anterior, apresentando não conformidades estruturais, em condições insalubres, não sendo possível o funcionamento do serviço. Assim, o referido serviço tem o seu alvará sanitário suspenso”, disse a Secretaria.
As investigações contra o diretor da clínica tiveram início após uma das vítimas entregar um bilhete para a irmã pedindo socorro.
Resgate das internas
As internas do local foram resgatadas, na noite desta quinta-feira (13), e levadas a um Centro Integral de Reabilitação no município do interior do Ceará. Ao longo da quinta-feira, após a prisão do diretor do local, parentes foram buscar parte das vítimas que estavam na unidade, mas algumas internas, principalmente as de municípios vizinhos, ainda permaneciam no local.
Duas vans foram usadas para transportar as internas a um centro de reabilitação onde terão o acompanhamento de profissionais especializados. Durante a saída da clínica de repouso, uma idosa precisou de atendimento médico em uma ambulância, devido à saúde debilitada.
A medida é provisória, pois nesta sexta-feira (13) a Prefeitura do Crato entrará em contato com as cidades de origem das mulheres, para elas retornarem para as famílias.
Após constatar a situação em que as vítimas eram mantidas, o diretor também foi autuado em flagrante por cárcere privado e maus-tratos, além de ser suspeito de desviar o dinheiro das internas. Ele está detido na Delegacia de Defesa da Mulher. A defesa de Santos não foi localizada.
Fonte: G1 CE