As vítimas de crimes sexuais atribuídos ao médico José Hilson de Paiva, em Uruburetama (onde o acusado também é prefeito afastado) e Cruz, estão sofrendo perseguição e discriminação e sem atendimento médico, segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE).
A coordenadora do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (Nuavv) do MPCE, promotora de Justiça Joseana França, afirmou que a disputa política, principalmente em Uruburetama, provoca retaliações às mulheres que denunciaram os crimes sexuais, por parte de apoiadores do prefeito afastado.
“A gente faz um acompanhamento dessas mulheres, já fomos a Uruburetama e Cruz. A gente percebe que há uma briga politica muito grande por lá. Além disso, tem o próprio estigma da cidade. Eu acredito que grande parte dos casos ainda não conhecemos. A gente viu como elas estão pressionadas, assustadas, com sequelas dessa violencia”, afirma Joseana França.
Segundo a promotora, as mulheres também tem sofrido para conseguir atendimento médico. “Essa rede de acolhimento é municipalizada e elas não têm acesso. A gente foi conversar com a vice-governadora (Izolda Cela) para encaminhar para uma cidade próxima que tenha uma Policlínica. Pensamos também em um grupo multidisciplinar para ir lá atender essas mulheres”, completa.
O encontro de representantes do Ministério Público com Izolda Cela aconteceu na tarde da última sexta-feira (6), na Vice-Governadoria. Também estiveram presente o procurador-geral de Justiça Plácido Rios e os promotores de Justiça Humberto Ibiapina, coordenador do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc); Francisco Gomes Câmara, integrante do Nuinc; e Ana Cláudia de Oliveira, integrante do Núcleo Estadual de Gênero Pró-Mulher (Nuprom).
O médico e prefeito afastado de Uruburetama, José Hilson de Paiva, foi denunciado pelo MPCE por estupros ocorridos naquele Município e em Cruz. A defesa, com a alegativa de que os crimes prescreveram, ingressou com um habeas corpus para o cliente, no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), que pode ser julgado na próxima terça-feira (10).
Defesa atribui denúncias a interesses políticos
A defesa de José Hilson, representada pelo advogado Leandro Vasques, criticou o posicionamento do MPCE. “Impressionante como precisam manter a chama acesa do caso na mídia, mas isso é até compreensível, ainda mais diante da frustração de após todo aquele estardalhaço apenas duas vítimas figurarem na denúncia oferecida pelo Ministério Público de Uruburetama, o que deve ser apurado e refutado durante a ação penal. Mas quanto a esse fato, quem deve satisfação pública por pessoas estarem sendo discriminadas no setor público de saúde é a própria administração, que agora é gerida pelo vice prefeito”
Segundo a defesa, as notícias de perseguição são motivadas por interesses políticos. “Alerto logo, a oposição política de Hilson Paiva vai prosseguir semeando acusações fabricadas e criando factoides para induzir autoridades em erro, restando a estas filtrarem isso”, completa.
Fonte: Diário do Nordeste