Quem dos militantes de esquerda e Lulistas de Juazeiro do Norte, que vivenciaram a esmagadora tensão das eleições de 2022, poderia imaginar que dois dos maiores nomes do bolsonarismo na terra do “Padim”, se figurassem como prováveis candidatos do PT, nas eleições municipais do próximo ano.
É verdade que a política é uma curva cheia de retas, como também é verdade que a ideologia está mais para carro alegórico do que para samba-enredo, uma vez que é verdade também que a vida pública é um imenso carnaval, selvagem e libidinoso, às vezes a céu aberto e às vezes obscuro, o que viabiliza as contradições canônicas e mundanas.
Eis o panorama da troça da lógica: seria Giovanni Sampaio, o vice de Glêdson Bezerra, possível candidato do PT, justamente pela falta de candidatos, segundo analistas políticos do Cariri. Mas essa história tem acordos políticos anteriores, dizem outros. Alguns afirmam que esse é o bloco da rasteira no prefeito momentaneamente licenciado até o dia 04 de maio.
O fato é que esse não é um samba de uma nota só. Giovanni, como prefeito de Juazeiro do Norte, nesse período, inesperado ou não, tem vários encontros marcados, com lideranças da esquerda petista, se é que isso ainda existe: líderes de esquerda no Partido dos Trabalhadores. Vai se encontrar com Camilo, com Elmano e outros membros do bloco. É aqui que o frevo ferve.
Em tempos de formação de alianças tudo se especula, se alimenta o imaginário com toda sorte de informações e contrainformações, esse ambiente é o propício para se testar tendências, sejam elas quais forem. É a velha política usando novas ferramentas de comunicação. As redes sociais estão cheias de especulações sobre isso.
A verdade é que as fantasias desse carnaval dramático, não conseguem esconder o fato da falência dos partidos políticos e da coerência ideológica. Isso foi descartado. Ninguém se importa. Tudo foi instrumentalizado. A história foi transformada em suspiros digitais, ela morre a cada segundo. A dignidade do materialismo histórico tornou-se bijuteria de pronta entrega em páginas virtuais.
Para que o carnaval aconteça é preciso que o folião vá para as ruas estampar o seu sorriso, ou não, como diria o poeta de “Muitos Carnavais”. O fato é que existe a festa pobre e a festa rica, a única coisa que não tem diferença nenhuma são os carros a serem estacionados, eles são sempre os mesmos, o que muda são flanelinhas.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri