No último sábado (23), o Partido dos Trabalhadores (PT) fez uma convenção em Juazeiro do Norte para apresentar as pré-candidaturas a prefeito no Cariri. O evento chamou a atenção por vários motivos.
Sem considerar nomes ou ausência de nomes, a convenção revelou intenções, tendências e dificuldades, sendo algumas nas entrelinhas e outras muito evidentes, o que revela também que a coisa não será fácil.
Com toda festa, com todo entusiasmo, e mesmo com o discurso habilidoso do líder José Guimarães, próprio de quem conhece os meandros de um partido que tenta se renovar sem perder o sentido de sua história, não foi possível esconder os paradoxos e as contradições crônicas que envolvem o PT.
O ministro da Educação: Camilo Santana e o governador: Elmano de Freitas, foram anunciados como presença garantida, o que traria prestígio e força, para além dos simbolismos. Não apareceram. Não mandaram discursos virtuais. Não ouviram a batucada anacrônica, típica de torcida organizada paleolítica e amadora.
Os grevistas estavam lá e apresentaram suas decepções. Grevistas de esquerda. Grevistas progressistas. Educados, mestres e doutores, e de grande cabedal na formação da opinião pública. Se Camilo e Elmano não foram por causa dos grevistas, o que é muito pequeno, o caldo entorna, em grande demonstração de fraqueza, ou pior ainda, em grande demonstração da falta de vontade em resolver o problema.
Se foi o trânsito, se foi a agenda, se foi um desarranjo qualquer, a desculpa a ser apresentada pela desfeita com os convencionados, os candidatos, os que estão negociando, os que foram por qualquer motivo, deixará complicado explicar a complicação da não ida. Bem como ficará esquisito explicar o comportamento de direita neoliberal em uma convenção do PT, na terra do ministro da Educação.
Já é extremamente constrangedor o fato do Ministério da Educação se mostrar potencializador de uma reforma do ensino médio francamente golpista e desabonadora pedagogicamente, imagine o que dizer em casa, sobre não ter ido porque eles estavam lá, com seus cartazes e seus históricos de surra nos couros, de qualquer governo, seja ele reformista ou não, seja ele de esquerda ou não, ou mesmo de direita que se diz esquerda.
O fato é que a banalização disso tudo foi suprema e deixou um ar de que existe ainda uma distância muito grande entre o que é pré-candidatura e o que é pós realidade política. A apresentação de Fernando Santana como pré-candidato do PT, em Juazeiro do Norte, revela o que se pretende não revelar: dificuldades, contradições, anacronismos e paradoxos existenciais. A militância também revelou estar incomodada, mesmo sem ter lugar de fala. Mas, isso é política e se resolve com política.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri