Nos dias atuais vivemos uma distopia de comportamentos, de um lado os neofascistas junto aos neonazistas que representam os conservadores radicais, uma direita tonta que não sabe o que fazer, e o progressismo cheio de divisões com “autoridades” do nada para o nada.
No Kariri a luta e resistência vem desde os primórdios quando os povos que aqui habitavam lutaram e conseguiram perpetuar à duras penas sua ancestralidade que hoje está ligada diretamente aos povos que residem no entorno da Chapada do Araripe. Povo esse que se miscigenou diante da sequente integração da humanidade pelos tempos. Poderia ficar falando de vários seres que fizeram e fazem essa história, como seu Mundô, um mateiro de sabedoria impar que morou e defendeu a FLONA, ou seu Manel Côco, também morador da FLONA, ou dona Maria Catarina, cabocla raizeira de Marcolândia (PI), e dona Filó, uma Preta que morou em vários lugares na Chapada do Araripe fazendo temperos e comidas deliciosas para pessoas que passavam por onde ela morava. Mas quero aqui falar de um verdadeiro representante nos dias de hoje dos povos originários do Kariri: Wilson Gomes Rosto.
Falar de Wilson é viajar na história da resistência e luta dos povos originários do entorno da Chapada. Filho de pai Preto levador* nativo do entorno e mãe cigana vinda das Alagoas devota do padre Cícero, que resolveu fazer morada por aqui. Wilson Gomes Rosto representa, sim, os povos originários por várias características. Eu teria que escrever várias laudas para descrever sua história.
Wilson foi proprietário do Bar Rosto de 1989 e resistiu até 2005 sendo atacado pelos conservadores, pois nele juntava todas as tribos, lá era um espaço multicultural e de integração social pouco vista na história do Cariri. Também sempre esteve engajado nas campanhas de conservação e desenvolvimento sustentável da FLONA e dos povos das comunidades do entorno da Chapada, luta pela integração e criação de um corredor cultural, de turismo de base comunitária, uma agricultura sustentável e a defesa daqueles que residem nesse entorno. Wilson não precisa ter no seu sobrenome o termo Kariri, pois ele já representa de sangue tudo isso, ele representa sim os povos originários e busca todos os dias um modo mais justo de sobrevivência de forma sustentável para as comunidades do entorno da Chapada.
E os palermas, sugiro pesquisar e sair da vida classe média abjeta do mimimi, “autoridade” do nada para o nada. Se querem deixar de ser “autoridade” do nada para o nada, aí vai uma lista de autores e autoras: Truduá Dorrico, Daniel Munduruku, Yaguarê Yamã, Graça Graúna, Darcy Ribeiro, Milton Santos, Paulo Freire, Gilles Lipovetstk, Emmanuel Levinas, entre tantos outros… mas é pra lê e não buscar resumo na internet, viu?
Por Sandro Leonel. Professor, pesquisador e geógrafo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri