Nascido em 24 de março de 1844. Véspera da Anunciação. Dia que o verbo encarnou, nasceu o grande pastor.
Considerado importante personalidade e motivo de elevadas discussões, continua despertando interesses de ordem científica, filosófica e religiosa, demonstrando que permanece vivo na memória do povo e na pesquisa acadêmica.
Sua extraordinária capacidade humanista e de inteligência notável, respeitado espírito de luz, destacado nome, como religioso, amigo e importante político. Sua missão era notória em defesa aos menos desassistidos.
A notícia do milagre da hóstia, durante uma missa, por ele celebrada, abriu a peregrinação ao Juazeiro.
“Era uma nova Galiléia”. Assim editado por filósofos, antropólogos, escritores, literatas, parapsicólogos, pesquisadores, professores, historiadores, enfim, por mais notáveis representantes das Ciências Humanas e especialistas nacionais e internacionais em manifestação da religiosidade popular, presentes ao I Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero e os Romeiros de Juazeiro do Norte.
Padre Cícero marcado pela história brasileira, perseguido e sem apoio da igreja católica a qual pertencia, por insistir na veracidade do milagre da hóstia, chegou a ser severamente punido. Foi proibido de celebrar missas, confessar e pregar. A igreja anunciou que as peregrinações ao Juazeiro estavam proibidas.
A decisão da igreja impulsionou as romarias. O Padre tornou-se uma figura bastante relevante, conquistando grande capital político no Cariri. Prefeito, vice-governador e deputado federal, defendeu a emancipação do povo de Juazeiro em 1911. Articulou o pacto dos coronéis, resultando na sedição de Juazeiro. Deu voz às irmandades religiosas, grupos de beatos, criou associações, promoveu a educação, motivou o artesanato, a agricultura familiar, a cultura, o esporte e como tão bem pronunciou a escritora Jacqueli Hernann: “Quanto mais se via repudiado pela Igreja mais via aumentar se prestígio”.
Em seu silêncio, chorava as injustiças, em tempo agradecia ao Coração de Jesus, com quem teve uma visão, “o mesmo a ele dizendo pra cuidar dos pobres”, o apoio do povo e de importantes pessoas da sociedade que reconheciam a verdade.
Se imbuia de força advinda de espiritualidade e pacientemente vivia a experiência de combater injustiças, ouvindo pessoas e orientando-as para a fé e o trabalho.
Seu comportamente causava admiração. De cabeça erguida não se deixava vencer. Sabia o que fazia e buscava no Sagrado Coração de Jesus e em Nossa Senhora das Dores, a condição necessária para suportar, refugiando-se no Horto em contemplação e meditação.
Pelo Juazeiro do Norte teve o amor preciso, pelo povo pobre o olhar expressivo, pelos perseguidores pedia a Deus o perdão.
Pela Igreja, pedia a Deus, que lhes desse a compreensão.
Aos que lhe sercavam com interesses em crescer, pedia a Deus a proteção.
O tempo mestre orientado por Deus, foi sileciosamente trabalhando, dando-lhe sustentação.
A Igreja Romana reconhecendo injusta prática, a humilhação que o fez passar, analisando o óbvio, resolveu pelo farol da divindade a ele perdoar, de descabidas acusações anunciando a reconciliação ao Padre, tornando-o Servo de Deus e dias virão, em que a própria Igreja, o reconhecimento consolidará em grande aclamação.
Seu nome nunca esquecido, suas intercessões ao Deus pai eterno, pelos necessitados de todas as classes sociais, consagrado o fez, em todos corações.
Salve o Padre Cícero Romão Batista!
Por Maria Loureto de Lima. Professora e historiadora. Ex-secretária de educação de Juazeiro do Norte
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri