A atriz Samara Felippo um caso de rascismo envolvendo uma de suas filhas, de 14 anos, praticado por colegas na escola Vera Cruz, uma instituição privada na zona oeste de São Paulo. As estudantes responsáveis foram suspensas pela escola, que afirmou ter oferecido apoio à vítima e aplicado punições às duas alunas identificadas como responsáveis pelo ataque (veja mais detalhes abaixo). A jovem afetada por esse ato criminoso é fruto do relacionamento da atriz com o ex-jogador de basquete Leandrinho.
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Conforme relatado por Samara em um grupo de pais no Whatsapp, a filha mais velha teve seu caderno furtado, páginas foram arrancadas e, em seguida, o caderno foi devolvido ao setor de achados e perdidos da escola com um insulto de natureza racial escrito em uma das páginas. O incidente ocorreu na última segunda-feira (22).
Samara expressou sua consternação com a violência sofrida pela filha: “Ainda estou processando tudo e talvez nunca consiga superar, toda vez que olho para o caderno dela ou a vejo concentrada na mesa refazendo cada página, dói profundamente. Eu choro. É uma dor muito intensa. Mas agora estou chorando também de indignação”.
O Vera Cruz reconheceu o incidente e enviou um e-mail aos pais dos alunos do 9º ano, a série que a filha de Samara está cursando. No comunicado, o coordenador Daniel Helene afirmou que a jovem procurou a professora e a orientadora da série ao se deparar com os insultos em seu caderno e recebeu apoio.
“Desde o início, mantivemos contato constante com a família da aluna vítima dessa agressão racista, e permanecemos vigilantes para evitar que ela seja exposta demais e se torne vítima de novos ataques. Em uma circular enviada a todas as famílias no mesmo dia, pedimos que todos conversassem com seus filhos sobre o ocorrido, e, na terça-feira, dia 23 de abril, duas alunas do 9º ano e suas famílias compareceram à escola, assumindo a responsabilidade por seus atos”, explicou o e-mail.
As alunas foram suspensas por tempo indeterminado e tiveram sua participação em uma viagem escolar vetada. “Destacamos que outras medidas punitivas poderão ser tomadas, se julgarmos necessário após um debate educacional cuidadoso, visando também combater de forma inequívoca o racismo”, afirmou o coordenador.
No texto enviado ao grupo de pais, Samara solicitou a expulsão das alunas responsáveis e alegou que a escola tem sido negligente diante de repetidos episódios de preconceito.
“Isso não é um incidente isolado, que fique bem claro! Os atos hostis e excludentes estão se tornando cada vez mais violentos e recorrentes. (Ela) apenas queria ser parte do grupo e era constantemente excluída de trabalhos, grupos e passeios, aceitando qualquer migalha e zombaria dessas mesmas meninas, e seu nome sempre era envolvido em fofocas e acusações por coisas que não fez”, afirmou a atriz no grupo de pais.
Samara disse que poderá retirar suas duas filhas do Vera Cruz e processar a escola se “a escola não se posicionar adequadamente”.
Procurada pela reportagem, a escola afirmou que, desde o princípio, “reconheceu a gravidade desse ato violento de racismo, denominando-o como tal, e imediatamente tomou medidas de apoio ao aluno agredido e sua família”.
A instituição ainda afirmou que, “no dia seguinte ao ocorrido, os agressores se identificaram e compareceram à escola, acompanhados por suas famílias, e diversas medidas foram tomadas, sempre visando apoiar o aluno vítima da agressão e sua família, além de garantir que os alunos agressores compreendessem a gravidade de seu ato”.
A escola disse que, “após um amplo e intenso processo de investigação, foi possível promover um encontro entre os três alunos envolvidos, mediado pela escola”, e que, em seguida, “os agressores foram informados das sanções decididas inicialmente, incluindo uma suspensão por tempo indeterminado”.
Questionada sobre como pretende evitar que novos episódios desse tipo ocorram, a instituição disse que está trabalhando nisso por meio do “enfrentamento direto e de iniciativas educativas, como a ampliação do conhecimento sobre questões raciais em toda a comunidade”. Ressaltou que o compromisso da escola no combate ao racismo, “infelizmente, não impede que ocorram agressões injustificáveis”.
A escola também destacou que, desde 2019, está desenvolvendo um projeto sobre relações étnico-raciais, “com ações no ambiente escolar para combater o racismo estrutural: revisão do currículo escolar, formação continuada, aumento da diversidade racial entre alunos, professores e gestores, entre outras medidas”.
Por Nicolas Uchoa