Um baião de dois mole
Com nata de leite de vaca malhada
Um ovo de capoeira estrelado
Na manteiga da terra
Despois um pedaço de rapadura
de melaço de cana caiana
Um copo d’agua tirada do pote
E antes do cigarro de palha
com fumo de Arapiraca
Uma lapada de café
Torrado no caco de barro
No pilão pisado
Eita Nordeste arretado!
No rádio de pilha a voz de Vicelmo
nas ondas da rádio dos padres
Trazendo as notícias e contando causos.
Depois do bucho cheio e bem informado
O caba voltava para cuidar do roçado.
Eita Nordeste arretado!
E que mal pergunte a quem anda
com o Nordeste revoltado
Que culpa nós temos
Se depois que Deus fez o mundo
Fez o Nordeste
Para aqui vir descansar tendo nós
ao seu lado?
Eita Nordeste arretado!
Por Fabiano Brito. Cratense, cronista e poeta com três livros publicados: “O Livro de Eros”, “Ave Poesia” e “Lunário Nordestino” (Editora UICLAP)
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri