No pequeno bairro, onde as casas pareciam se abraçar em uma cumplicidade de tempos passados, havia um velho parque. Era ali que as histórias se entrelaçavam, onde crianças brincavam e adultos se reuniam para compartilhar momentos de descontração.
Naquele parque, erguia-se um velho carvalho, majestoso e imponente, testemunha silenciosa de décadas de risos e lágrimas. Sua copa se estendia como um abraço acolhedor sobre aqueles que buscavam refúgio à sua sombra.
Era sob esse carvalho que Miguel e seu fiel amigo de quatro patas, Max, passavam horas juntos, compartilhando segredos e olhares cúmplices. Max era mais do que um simples cão para Miguel; ele era seu confidente, seu companheiro de todas as horas.
Porém, o tempo é implacável, e a idade chegou para Max como chega para todos nós. Os anos de brincadeiras e aventuras haviam deixado suas marcas, e Miguel sabia que era hora de se despedir de seu leal amigo.
Naquela tarde dourada, Miguel e Max retornaram ao parque uma última vez. O sol lançava seus raios através das folhas do carvalho, criando um espetáculo de luz e sombra no chão coberto de folhas secas.
Miguel se sentou aos pés do carvalho, acariciando o pelo grisalho de Max com ternura. Seus olhos se encontraram em um silencioso entendimento, como se palavras fossem desnecessárias entre eles.
— Chegou a hora, meu amigo. Você foi o melhor companheiro que alguém poderia desejar. – Miguel sussurrou, sua voz embargada pela emoção.
Max olhou para Miguel com seus olhos cansados, mas ainda cheios de amor incondicional. Ele sabia que era hora de partir, mas seu coração permaneceria com seu humano para sempre.
Com um último suspiro, Max deitou-se aos pés de Miguel, seu corpo cansado finalmente encontrando descanso. As lágrimas de Miguel caíram silenciosamente sobre o pelo do amigo, uma mistura de tristeza pela partida e gratidão pela jornada compartilhada.
E ali, sob a sombra do velho carvalho, Miguel se despediu de seu fiel amigo. Não era um adeus definitivo, mas sim um até logo, uma promessa de que seus espíritos sempre estariam unidos, mesmo que separados pela passagem do tempo.
E enquanto o sol se punha no horizonte, iluminando o céu com tons de laranja e rosa, Miguel permaneceu ao lado de Max, segurando sua pata pela última vez. Pois no coração de Miguel, a memória de Max continuaria a brilhar como uma luz eterna, guiando-o através das sombras da saudade.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri