Meu companheiro
Irmão que comigo nesse chão
dividiu os passos e na mesa
o parco pão
Filhos gêmeos gerados
no ventre da mesma miséria
A beira dessa cova rasa
cavada à margem da estrada
Como tantas outras trilhadas
E que nunca nos levou a lugar
nenhum diferente, desde a
nossa gênese
Lhe digo adeus ou apenas um
até breve.
Foi nosso destino e sina
Viver na mesma medida
Essa vida Severina
Feito ave de arribação
Sem nunca ter do tanto
desse mundo
Um único grão de seu.
O carrossel girando suas
engrenagens dos ponteiros
do tempo
E nas nossas bocas, mãos e
retinas
O mesmo sol inclemente
Essa mesma terra esturricada
Pelos homens e deuses esquecida.
Foi teu destino e sina
Teu magro corpo morto
Sem caixão nem mortalha
Como na terra uma semente
Assim posto, nesta cova rasa
Cavada à margem dessa estrada
Como tantas outras trilhadas
E que nunca nos levou a lugar
nenhum diferente, desde a
nossa gênese.
Eu lhe digo adeus
Ou apenas um até breve.
Por Fabiano Brito. Cratense, cronista e poeta com três livros publicados: “O Livro de Eros”, “Ave Poesia” e “Lunário Nordestino” (Editora UICLAP)
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri