Parecem que são máscaras voando, os céus escondem as vidas tombadas. As cores dançam nos ventos, a linha enrolada na lata desbrava o espaço, mas são as mãos e as condições objetivas que dão a liberdade possível. O limite é o tamanho da linha, mas ela pode ir mais longe, basta romper, a ruptura às vezes é um caminho de liberdade, às vezes.
Enquanto, as pipas povoam os céus e as subjetividades. Parece que os céus andam mascarados. Aqui embaixo, se olha para os quatro cantos, mas parece que só os céus usam máscaras.
Escutar-se gritos e se ver corpos se contorcendo, os rostos suam, os olhos parecem que tem diamantes, as máscaras estão guardadas nas gavetas, as crianças só querem brincar, apenas brincar.
Parecem que vivem em outro mundo. Não! Estão neste mundo, que nos ensinam a olhar os céus e a esquecer dos caminhos, é o mesmo mundo que nos ensina a soltar pipa e a desconhecer o que faz a pipa voar. É esse mundo que nos ensina a saber fazer, mas que nos nega refletir sobre o fazer. É o mundo em que a maior parte da população aprende apenas a apertar parafusos e uma parte menor aprender como ensinar a outra parte maior a apertar parafusos.
Parece que as vidas já não importam. A qualquer momento será preciso escolher quem morre e quem vive, não será possível salvar todos os sonhos. Existe um exército de reserva de morrentes que tentam mascarar com uma chamada: democracia da morte. A morte chega primeiro para quem apenas sabe apertar parafusos e soltar pipas.
Será preciso tomar as cadeias que aprisionam os pensamentos para continuarmos soltando pipas.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/CE
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri