Ir às compras ou sair para um simples passeio tem-se tornado motivo para ativar a calculadora no Brasil. Nos últimos tempos, tudo parece estar mais caro: desde a gasolina até o preço do arroz. Mas qual é a razão para essa intensa mudança nos valores estar acontecendo?
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Quando falamos de economia, precisamos levar em consideração múltiplos fatores que afetam o cotidiano de um país e analisar de longe quais são os principais acontecimentos que influenciam a valorização ou desvalorização da nossa moeda, o real. Então, vamos entender melhor como tudo está interligado.
Crise hídrica
Recentemente, uma das questões que mais têm gerado impacto na vida dos brasileiros é a crise hídrica que o país está enfrentando. Cerca de 60% da energia gerada dentro do Brasil vêm de usinas hidrelétricas, que atualmente precisam operar abaixo de suas capacidades. Com os baixos níveis de precipitação, os reservatórios estão com pouca água e precisam fazer racionamento de energia para continuar funcionando.
Nesse ponto, dois grandes problemas surgem: aumento na conta de água e na de eletricidade. Quando as condições de fornecimento de energia não estão favoráveis, as operadoras costumam adotar um sistema de bandeiras tarifárias para demonstrar os custos variáveis da geração de energia elétrica para o consumidor.
Contas de luz na bandeira verde não sofrem qualquer tipo de acréscimo. Porém, se estão nas bandeiras amarela e vermelha, isso significa que está mais caro gerar energia naquele período do ano. Além disso, são nessas épocas que muitos estados precisam adotar o racionamento de água para que os reservatórios não sequem por completo.
Ao faltar água, muitas atividades que necessitam desse recurso hídrico para operar são prejudicadas e sofrem perdas produtivas. Segundo o relatório feito pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), 52% dos empresários entrevistados acreditam que a crise hídrica é responsável por reduzir a competitividade dos seus produtos no mercado.
Alta do dólar
Apesar de a crise hídrica ser um importante fator na relação de produtividade interna, ela está longe de ser o único fator a mexer no preço dos produtos no Brasil. A alta do dólar, por exemplo, gera impactos também para a vida de quem está planejando viajar para fora do país e curtir umas férias.
Na verdade, os preços da moeda norte-americana geram impacto direto em diversos preços, que vão desde os grandes volumes de exportação dos commodities até o pãozinho que você come na padaria todo dia de manhã. Mas é qual o motivo de isso acontecer? A conta é mais simples do que parece.
A maioria dos contratos internacionais, de importação ou exportação, são calculados em relação ao preço da moeda dos Estados Unidos. Quando o real está fraco em relação ao dólar, o preço dos produtos produzidos em território brasileiro tornam-se atrativos para o mercado externo. Isso pode ocasionar um maior volume de saídas e fazer que falte produção para a demanda interna, gerando um aumento de preço nas prateleiras do mercado.
Ao mesmo tempo, torna-se muito mais caro comprar itens de fora do país. O trigo, que é essencial para a fabricação de pão, é altamente influenciado pelo preço do dólar e importado em grandes quantidades pelo Brasil, o que explica o produto final aumentar de valor. Outras mercadorias que sofrem grande aumento costumam ser do setor tecnológico, como carros, celulares e computadores.
Pandemia de Covid-19
Por último, mas não menos importante, a pandemia de Covid-19 que assolou o planeta desde o começo de 2020. Com a implantação das medidas de isolamento social para conter a disseminação da doença, diversos setores da economia foram fortemente impactados e tiveram que reajustar seus modos operacionais para continuar funcionando.
Isso representa grande impacto financeiro tanto nos setores industriais quanto nos de consumo. Um grave exemplo disso são os preços da gasolina. Quando a pandemia começou, muitos países pediram à população que permanecesse dentro de casa. Instantaneamente, isso fez diminuir o número de pessoas que estavam nas ruas usando seus carros e, consequentemente, a quantidade de consumo de combustível fóssil.
Como a maioria das nações tinha um grande estoque de petróleo, a queda na demanda fez o preço da gasolina baixar consideravelmente. Entretanto, esse cenário se inverteu 1 ano depois. Afinal, com as pessoas voltando às atividades, a demanda voltou a subir e a produção de gasolina ainda não atingiu o mesmo patamar, disparando os valores das bombas.
Isso também vale para outros setores, como o turismo — que nesse caso foi influenciado pela pandemia e pela alta do dólar. O setor hoteleiro se viu paralisado com as fronteiras sendo fechadas para impedir a propagação do vírus e, mesmo agora, com o processo de normalização da situação, a queda no poder aquisitivo da população pode ser um problema para que o mercado se reerga.
Fonte: Mega Curioso