SEM COMPROMISSO E SEM VERGONHA
Em entrevista para a “Folha de São Paulo”, domingo (10/01/21), o candidato a presidente da câmara de deputados, Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou categoricamente que não existe nenhum compromisso, caso eleito, em analisar qualquer pedido de impeachement de Bolsonaro. Segundo ele: “Não há nenhum compromisso, como muitos falam, de abertura de impeachment. É uma mentira. [Dar início] é uma prerrogativa do presidente da Câmara, mas nós precisamos, ainda mais neste momento em que a pandemia dá sinais de crescimento, de estabilidade”, como se o governo de Bolsonaro estivesse promovendo total estabilidade, quando na verdade faz campanha contra qualquer vacina, quer confiscar seringas e vacinas compradas pelos estados, incita a aglomeração, é contra o uso de máscaras, provocou a invasão da ANVISA por militares para impedir a liberação do registro de vacinas, além de continuar desdenhando da tragédia de milhares de famílias que perderam parentes para o COVID-19 nessa segunda onda que se alastra. Onde existe estabilidade quando se ultrapassa mais de 200 mil mortes, por negligência governamental? É por isso que esse palhaço quer a presidência do Circo.
SEM DIGNIDADE E SEM MEMÓRIA
Ele ainda disse mais, em sua desavergonhada postura em defesa do caos: “O impeachment é o extremo do extremo do extremo que está na nossa Constituição. Precisamos hoje de estabilidade. E reafirmo que não houve compromisso de abertura de impeachment. Todos têm que trabalhar por uma unidade. A gente fala que a Câmara tem que ser independente, mas tem que ser harmônica. E tem que trabalhar em harmonia com o Poder Judiciário e o Executivo”. A situação extremada, muito extremada para o golpe dado em Dilma foi muito, muito inventada, muito inventada de forma calhorda. Frase célebre sobre esse feito indigno: “Tem que resolver essa porra. Tem que ter impeachment. Não tem saída. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria (lava-jato).com Dilma não dá. Tem que botar o Michel num grande acordo nacional, com o supremo, com tudo (Romero Jucá- 16 de março de 2016). De lá para cá só banditismo oficialmente organizado, todos estão soltos, inclusive o Supremo.
SEM IDEOLOGIA E SEM NOÇÃO DA HISTÓRIA
Depois de ler uma sequência monumental de respostas cretinas na entrevista desse exemplar perfeito da política rasteira, o tanto que sebosas, eu me pergunto: o que diabos a “esquerda” está fazendo apoiando uma espécime dessa? O que faz um político que se intitula progressista se alinhar com esse submundo da corrupção latente? A isonomia não é para qualquer um, a dignidade política é quase uma lenda, os princípios de cidadania são motivos de piada. Existem inúmeras formas para se entrar para a história e ser parte das narrativas existenciais proativas, ou não, como diria o mano Caetano. Uma delas é a forma negativa da indecência, do esculacho, da escória, da vileza de caráter. Sendo que a desculpa mais desqualificada para esse conluio da ex-querda é que isso é necessário para se manter no poder, que isso é jogo de cintura, que é estratégia, que é negociação. Isso é ligar o botão da mistureba e rastejar junto, sem cerimonia, sem nenhum respeito à história de quem votou na trincheira do bem comum. Mas a maior perplexidade de quem espera o jogo virar é que eles são a mais completa tradução do maucaratismo de grande parte da sociedade brasileira, como diria o mano Caetano.
O DIA D NA HORA H
Pazuello é de fato um cara gozado, e vastamente humilhado, é um general da ativa que provoca constrangimento por segundo ao exército brasileiro. Bem antes de expelir sua frase mais trágica do que cômica: “A vacinação acontecerá no dia D e na H”, garantindo assim o seu lugar entre os patetas históricos, Eduardo Pazuello tinha em seu currículo de carreira uma gravíssima acusação do maior desvio de munição do exército brasileiro, quando ele era o Comandante do Depósito Central de Munição do Exército Brasileiro em Paracambi-RJ, matéria revelada pelo Jornal do Brasil, com Título: “Do Quartel para o Ferro-velho”, em 24 de novembro de 2005. Uma matéria de Vinícius Segalla, para o Diário do Centro do Mundo, revelou que ainda no Comando do Depósito Central de Munição do Exército Brasileiro, Pazuello obrigou o soldado Carlos Vitor de Souza Chagas, a puxar uma carroça, no lugar do cavalo, e com um colega sendo transportado no banco, com todos os demais militares que serviam na unidade assistindo ao ato. Pazuello também guarda em seu currículo a manchete de Segalla: “Pazuello obrigou soldado a puxar carroça no lugar de cavalo e hoje é o jumento de carga de Bolsonaro.”. É esse personagem que escolheu o dia D e a hora H, para imunizar o povo brasileiro. Enquanto isso não acontece, o general pressiona os profissionais de saúde a prescreverem o kit Covid, com cloroquina e ivermectina, medicamentos comprovadamente inúteis no tratamento do Coronavírus.
OS ALICERCES DO GENOCÍDIO
Em meio a uma segunda onda extremamente letal da pandemia Bolsonaro atua para facilitar o comércio de armas, sem esboçar nenhuma ação para preservar vidas. Ele está longe das estratégias para salvar vidas do povo brasileiro, priorizando a vacinação, e muito próximo de salvar a vida “dos cidadãos de bem”, priorizando o livre acesso às armas e munições, através de um incentivo velado à violência. Com um português sem vitaminas o presidente disse a parcos apoiadores confinados em um cercadinho muito simbólico, parecendo curral: “Nós batendo o recorde do ano passado em relação a 2019, mais acho que 90% na venda de armas. está pouco ainda, tem que aumentar mais. O cidadão de bem foi muito tempo desarmado.” Enquanto isso outro recorde é batido com facilidade monstra: o país registrou 477 mortes pela Covid-19, chegando ao total de 203.617 óbitos desde o começo da pandemia. Esse número já foi ultrapassado, com certeza.
OS ALICERCES DO GOLPE IMPRESSO
O que está por trás desse “plano” de governo em armar a sociedade formada por “cidadãos de bem”, é de fato um plano, um funesto plano, já disse o mandatário na vergonhosa reunião ministerial de 22 de abril do ano passado: “Eu quero todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado.”. É óbvio que ele espera que o seu povo armado possa contestar um resultado negativo nas urnas. Uma eleição que ele já disse que “foi” fraudulenta. Ele tem a esperança que se repita aqui o que aconteceu com a invasão do Capitólio, incentivada pelo bobalhão Trump. Para dar suporte a isso ele, o bronco tupiniquim, aposta na PL implementada pela bancada da bala que tira poder dos estados sobre o controle das polícias civil e militar, que passariam a ter o controle do mandatário. Além de o governo ter sido ocupado por militares de diversas espécies e patentes, o mandatário agora quer o controle total das polícias, que em muitos casos já atua como uma milícia particular dele e de vários aliados. A Pl tramita na calada da noite, sem debate aberto sobre o tema. Por outro lado o ministro Justiça e Segurança Pública, o terrivelmente evangélico André Mendonça, tem dado andamento a uma perseguição arquitetada nos porões da ditadura, às vozes que criticam e denunciam os desmandos dessa quartelada em curso.
FAKE NEWS
A notícia que circula nas redes sociais afirmando que Glêdson Bezerra, prefeito de Juazeiro do Norte, cometeu nepotismo ao nomear Rita de Cassia de Sousa para o cargo de provimento em comissão de Agente Pagador do Tesouro, integrante da estrutura organizacional da Secretaria de Finanças (SEFIN), de Nível Operacional DAS1, é falsa. A nomeação existe e está documentada, mas o fato da nomeada ser esposa da mãe do prefeito não representa necessariamente ligação de consanguinidade. Também é falsa a notícia que existe um cidadão de bem, lotado na Secretaria de Cultura de Juazeiro do Norte “andando” armado dentro da instituição, alegando ter porte de arma para tanto. O fato é que, segundo testemunhos oculares esse cidadão de bem existe e é terrivelmente bolsonarista, mas a secretaria está “parada”, sem direção e com a obrigação legal e imediata de pagar editais já empenhados. Portanto, esse cidadão de bem pode estar parado, não andando.
*Os pontos de vista aqui emitidos são de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri