O ano de 2019 não foi fácil para falar de política nos grupos de WhatsApp.
Segundo o Datafolha, 51% dos brasileiros que usam a rede social desistiram de fazer um comentário ou compartilhar algum conteúdo sobre política para evitar brigas com a família ou com os amigos.
Em tempos de polarização, a autocensura é maior entre funcionários públicos (61%) e pessoas com ensino superior (59%). As donas de casa, por sua vez, se importam menos: 60% não deixaram de falar por medo de desentendimentos.
No geral, uma em cada quatro (27%) pessoas saiu de algum grupo para não discutir, e 19% deixaram de seguir ou bloquearam o perfil de um amigo, familiar ou mesmo de uma empresa por discordar de suas posições políticas.
O Datafolha entrevistou 2.948 pessoas nos últimos dias 5 e 6, em 176 cidades de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. As respostas citadas acima se referem a comportamentos adotados nos últimos 12 meses, ou seja, de dezembro de 2018 a dezembro de 2019, entre quem tem conta em redes sociais.
Quanto à função das redes sociais, 77% do total de entrevistados acreditam que elas ajudam a dar voz a grupos normalmente preteridos pela sociedade. Essa percepção é maior entre os mais ricos (80% entre quem ganha mais de dez salários mínimos), os mais jovens (86% entre quem tem de 16 a 24 anos) e os que têm ensino superior (90%).
Outros grupos são um pouco menos otimistas: o percentual cai para 64% entre quem só cursou o ensino fundamental e para 62% entre os que têm 60 anos ou mais.
Para metade dos brasileiros, as novas mídias têm papel relevante no cenário político: 54% acham que são importantes meios para fazer com que os políticos estejam atentos às discussões sociais, e 48% acreditam que são importantes para criar movimentos que podem agir diretamente na sociedade.
Para 43%, elas ajudam a influenciar a decisão de políticos. Esse índice sobre para 53% entre quem tem o PSL como partido de preferência.
A legenda pela qual o presidente Jair Bolsonaro foi eleito é célebre pela atuação de seus membros nas redes. Na Câmara, deputados do PSL ficaram conhecidos como “bancada da selfie” por fazerem vídeos para seus seguidores durante as votações.
Há alguns meses, a sigla vive um racha interno: de um lado, aliados ao presidente do PSL, Luciano Bivar (deputado por Pernambuco), e, de outro, apoiadores de Bolsonaro, que deixou a legenda e pretende criar a Aliança pelo Brasil.
Nesse cenário, figuras como os deputados Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann, ambos eleitos por São Paulo, protagonizaram trocas de insultos no Twitter e no Facebook.
Para 69% dos brasileiros, as redes distraem as pessoas daquilo que realmente importa.
Outros 59% dizem que elas não são boas fontes de notícia: acham que servem mais para divulgar notícias falsas do que para informar. Essa opinião é mais frequente entre quem votou no petista Fernando Haddad (62%) ou branco/nulo (64%) do que entre quem votou em Bolsonaro (57%) no segundo turno de 2018.
18% dizem seguir Bolsonaro nas redes sociais
Dezoito por cento dos entrevistados afirmaram que seguem a conta do presidente Jair Bolsonaro em alguma rede social. O percentual cresce para 27% entre quem tem preferência pelo PSL e para 31% entre quem ganha mais de dez salários mínimos.
Esse é também o perfil de quem mais aprova o governo. A gestão é avaliada como ótima ou boa por 30%, mas o índice ultrapassa os 40% nos setores citados.
Bolsonaro é mais popular no Facebook, onde tem mais de 11 milhões de seguidores. É nessa rede que o presidente faz suas lives semanais, sempre às quintas-feiras.
Em 2019, de acordo com levantamento feito pela Folha, foram 12 horas e 30 minutos de transmissões, que têm duração próxima a 20 minutos cada.
No Instagram, Bolsonaro tem 14,6 milhões de seguidores e, no Twitter, 5,6 milhões.
De acordo com o Datafolha, a rede social mais popular no país é o WhatsApp, onde 71% têm conta. Em seguida vêm Facebook (60%), Instagram (42%) e Twitter (14%).
Fonte: Folhapress