Uma nova esperança surge para os pacientes enfrentando o glioblastoma, o tipo mais agressivo e fatal de câncer cerebral. Em um marco significativo, uma vacina personalizada demonstrou prolongar a sobrevida de quatro pessoas em um ensaio clínico pioneiro. Os detalhes desses resultados foram recentemente publicados pela editora científica Press Cell.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Bluesky | Koo | Instagram | YouTube
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
O candidato a imunizante funciona fornecendo ao sistema imunológico uma forma de “reconhecer” o tumor. Equipado com informações vitais, ele reprograma as defesas do corpo contra as células cancerígenas, atacando-as eficazmente.
Impulso imunológico e resposta tumoral
No ensaio clínico, quatro pacientes com glioblastoma resistente ao tratamento receberam duas ou quatro doses da vacina. Observou-se um aumento das proteínas pró-inflamatórias logo após a administração, indicando uma ativação imune significativa e rápida.
Embora tenha sido acompanhado por efeitos colaterais de curto prazo, como náuseas e febre baixa, esses sintomas diminuíram em até dois dias. Além disso, mudanças significativas nas configurações dos tumores foram observadas em menos de 48 horas após a aplicação da vacina, evidenciando uma resposta imune mais ativa contra o glioblastoma.
Sobrevida livre de progressão ampliada
Historicamente, pacientes com glioblastoma tratados com métodos convencionais têm uma sobrevida média de cerca de seis meses sem progressão da doença. No entanto, os resultados deste ensaio clínico mostraram um aumento significativo nesse período. Um paciente teve oito meses de sobrevida livre de progressão, outro nove meses, e um terceiro paciente sobreviveu por mais nove meses com glioblastoma recorrente.
Esses resultados promissores são respaldados por estudos anteriores realizados em cães com tumores cerebrais, onde a vacina aumentou significativamente a sobrevida média.
Desafiando o microambiente tumoral
Uma das maiores barreiras no tratamento do glioblastoma é sua proteção contra o sistema imunológico. O microambiente tumoral é imunossupressor, tornando as células cancerígenas inacessíveis às defesas naturais do corpo. A nova vacina, baseada na tecnologia de imunizantes contra a Covid-19, trabalha para reprogramar esse ambiente, utilizando uma amostra do próprio tumor.
Ao introduzir o RNA mensageiro do tumor na vacina, os pesquisadores conseguiram “ensinar” as células imunes do paciente a contornar o microambiente tumoral, tornando o tumor mais vulnerável à resposta imune.
Próximos passos
Os especialistas agora buscam determinar a frequência e dosagem ideais da vacina, bem como os melhores planos de tratamento combinados. Equilibrar os resultados positivos com os potenciais efeitos adversos é crucial para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
Os autores esperam que essa nova vacina possa estabelecer um novo paradigma no tratamento do glioblastoma, oferecendo uma maneira inovadora de modular o sistema imunológico para combater essa doença devastadora.
Por Mirta Lourenço. Médica e colunista do Revista Cariri