Pelo terceiro dia consecutivo, o Brasil registrou mais de mil mortes por Covid-19 em 24 horas e mantém, desde segunda, a maior quantidade diária de óbitos pela doença no mundo.
Apenas os Estados Unidos apresentaram, até o momento, mais que três dias seguidos com óbitos superiores a mil entre um dia e outro. Desde ontem, o Ministério da Saúde contabilizou 1.156 novas mortes — no total, o país soma 26.754 óbitos pelo novo coronavírus.
O balanço mais recente do Ministério da Saúde, divulgado hoje, aponta 438.238 diagnósticos da doença em todo o território nacional, sendo 26.417 casos confirmados entre ontem e hoje; o aumento foi o maior registrado pelo país desde o início da pandemia. Até então, o maior marco do Brasil havia sido registrado em 22 de maio, com 20.803 novos diagnósticos em 24h.
Embora ainda seja o sexto país com maior quantidade de mortes do novo coronavírus, o Brasil pode ultrapassar, em breve, a Espanha — que teve 27.119 mortes contabilizadas até hoje, segundo levantamento da universidade Johns Hopkins.
Ainda segundo o balanço da Saúde, o país tem 233.880 casos em acompanhamento e 4.211 óbitos em investigação. Cerca de 177.604 pessoas já se recuperaram da doença.
Apesar de aumento, estados planejam reabertura
Os estados passam pelo período de aceleração da doença, em especial as grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus. São Paulo é o estado que concentra o maior número de casos e óbitos, com mais de 6.980 óbitos confirmados hoje.
Com medidas de isolamento e a decretação de um mega feriado, o governo estadual vê uma contenção na curva de crescimento e já ensaia uma abertura lenta.
O Rio de Janeiro teve uma explosão de casos, começando a semana com mais de 37 mil notificações e caminhando para determinar perto das 50 mil. As mortes também aumentaram significativamente no mês de maio.
Porém, além do avanço da doença esse crescimento também pode ser atribuído ao aumento da capacidade de testagens no estado, que dobrou segundo a secretaria de saúde.
O Ceará é o terceiro estado em casos e mortes, que também passa pelo período de aceleração e se consagra como epicentro na região nordeste. Ainda assim, o governo estuda um plano de reabertura gradual semelhante aos moldes de São Paulo.
O Amazonas é um estado que chama atenção, por já ter sofrido um colapso do sistema de saúde e funerário em sua capital, Manaus, mas que atualmente aparece em quarto em casos e mortes.
A cidade tem uma explosão de mortes sem confirmação para a Covid-19, o que aponta para uma possível subnotificação que esteja jogando os números do estado para baixo. O governo estadual também planeja uma abertura, que recebeu a reprovação do prefeito da capital.
A região com os menores números é o Centro-Oeste, liderado pelo Distrito Federal. No entanto, há também a possibilidade de subnotificação na região, que pode ser observado nos baixos dados de mortos reportados diariamente. O Mato Grosso do Sul não reportou novas mortes durante dias, ficando apenas com 17. Enquanto o Mato Grossa reporta poucos óbitos diários, geralmente 2 ou 3.
Em um mês, doença mais que quadruplicou
Somente no mês de maio, o Brasil saltou de 91,6 mil casos para mais de 400 mil confirmações da Covid. Mais da metade dos novos diagnósticos ocorreu nas duas últimas semanas. Num intervalo de 26 dias, pouco mais de três semanas, houve um aumento de mais de 320 mil infectados em todo o território nacional.
Abaixo, um compilado de datas ao longo do mês que mostram o aumento de casos:
• 01/05 – 91.604 casos e 6.354 mortes
• 03/05 – 101.227 casos e 7.044 mortes (país ultrapassa 100 mil casos)
• 14/05 – 202.918 casos e 13.993 mortes (país ultrapassa 200 mil casos)
• 21/05 – 310.087 casos e 20.047 mortes (país ultrapassa 300 mil casos)
• 27/05 – 411.821 casos e 25.598 mortes (país ultrapassa 400 mil casos)
O aumento de diagnósticos, no entanto, não reflete a maior testagem da população. Muitos casos continuam subnotificados pela baixa capacidade de realizar exames.
Apesar de o governo ter anunciado que aumentaria a quantidade de testes, anteontem o Ministério da Saúde admitiu ter analisado somente 9,6% dos 4,7 milhões de testes moleculares para detecção da doença. Significa que, apesar de ter mais testes, o país não tem, ainda, maior capacidade para testar, com filas nos laboratórios
Notificações podem não ser só das últimas 24h
A confirmação de óbitos e diagnósticos apresentada pelo governo entre um dia e outro não necessariamente ocorreu nas últimas 24 horas.
O Ministério da Saúde explica que a fila de testes provoca atrasos nos registros feitos pelas secretarias. Com isso, muitas das ocorrências podem ser de outras datas.
Fonte: UOL