A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou, nesta quarta-feira (17), que vai suspender, pela segunda vez, os ensaios clínicos com hidroxicloroquina contra a Covid-19. Segundo a entidade, as evidências científicas apontam que a substância não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
A decisão da OMS se refere aos testes dentro dos ensaios Solidariedade, iniciativa global que busca tratamentos para o novo coronavírus.
“Hoje, há cinco minutos, nós finalizamos uma ligação com todos os pesquisadores no ensaio. Com base nas evidências disponíveis, a decisão tomada foi de parar a randomização com o ensaio da hidroxicloroquina”, explicou a médica Ana Maria Henao Restrepo, do programa de emergências em saúde da organização.
Restrepo explicou que a decisão foi adotada com base nas evidências encontradas no ensaio “Recovery”, do Reino Unido, que não encontrou benefícios em usar a hidroxicloroquina contra a Covid-19, e em dados disponíveis nos próprios ensaios Solidariedade.
A entidade já havia suspenso os testes com a substância, que é usada para tratar doenças autoimunes e alguns tipos de malária, no dia 25 de maio. Depois, entretanto, retomou os ensaios.
Novo remédio
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e o diretor de emergências da organização, Michael Ryan, também destacaram que o corticoide que demonstrou ter efeito em casos severos de Covid-19 deve ser usado apenas por pacientes em estado grave pela doença, e que as pessoas NÃO devem usar a medicação por conta própria ou para prevenir a doença.
Além disso, os diretores destacaram que mais estudos são necessários para entender o mecanismo de ação da substância. A eficácia do remédio foi apontada por pesquisadores dos ensaios “Recovery”, liderados pela Universidade de Oxford, mas nenhum estudo científico com os resultados foi publicado ainda.
“Esses medicamentos devem ser usados apenas sob supervisão clínica”, pontuou Tedros.
“É excepcionalmente importante que essa droga seja usada sob supervisão médica”, destacou Ryan. “Não é para casos leves, não é para profilaxia [prevenção]”.
“Essa droga é um anti-inflamatório muito, muito poderoso. Pode resgatar pacientes que estão em condição muito grave, quando os pulmões e o sistema cardiovascular estão muito inflamados. Ela permite, talvez, que os pacientes consigam oxigenar o sangue em um período muito crítico, ao rapidamente reduzir a inflamação em um período muito crítico da doença”, esclareceu o diretor de emergências.
“Não é um tratamento para o vírus em si”, explicou Ryan. “Não é uma prevenção. Na verdade, esteroides, principalmente esteroides poderosos, podem ser associados à replicação viral. Em outras palavras, eles podem facilitar a divisão e a replicação do vírus”, disse.
“Então, é excepcionalmente importante, neste caso, que essa droga seja reservada a pacientes gravemente doentes, que podem se beneficiar dessa droga, claramente. Isso é uma ótima notícia, mas é parte da resposta de que nós precisamos clinicamente. Oxigênio, ventilação, o uso de antivirais, o uso de esteroides – e achar uma combinação de terapias que nos permita salvar a maior quantidade possível de pacientes”, explicou Ryan.
Fonte: G1