O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, lançou uma nova estratégia nacional para o controle do Aedes aegypti e do Aedes albopictus, principais vetores de doenças como dengue, zika e chikungunya. A tecnologia, denominada Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL), foi desenvolvida pelo Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia) do Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA) da Fiocruz Amazônia.
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Como funciona a tecnologia EDL
As EDLs utilizam as próprias fêmeas dos mosquitos para disseminar larvicida, impedindo a proliferação dos vetores. A tecnologia consiste em um pote plástico de dois litros, coberto por tecido sintético impregnado com larvicida, que atrai as fêmeas para depositar ovos. Ao pousarem no tecido, as fêmeas ficam impregnadas com o larvicida e, ao visitarem outros criadouros, acabam contaminando-os e interrompendo o desenvolvimento das larvas e pupas.
Implementação em todo o país
O Ministério da Saúde visa replicar essa tecnologia em nível nacional. A adoção das EDLs é um marco significativo, conforme explica o pesquisador Sérgio Luz, coordenador do Núcleo PReV Amazônia. “A adoção da estratégia pelo Ministério da Saúde é motivo de satisfação para nós que atuamos no Núcleo PReV Amazônia, uma vez que, com a medida, o Brasil se torna o primeiro país a adotar a metodologia em um programa nacional oficial”, destaca Luz.
A estratégia já foi testada e aprovada em 14 cidades brasileiras, com resultados comprovados. A nota técnica emitida pelo Ministério orienta as secretarias municipais de saúde sobre os procedimentos para a implementação dessa estratégia de controle.
Desenvolvimento da tecnologia
A adoção das EDLs pelo Ministério da Saúde é resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento. Em 2016, com a declaração de Emergência em Saúde Pública devido à epidemia de zika, foi realizada uma reunião internacional que discutiu alternativas para o controle do Aedes aegypti no Brasil. A partir dessa reunião, foram realizadas diversas avaliações de novas tecnologias de controle, incluindo as EDLs.
Entre 2016 e 2022, estudos financiados pelo Ministério da Saúde, conduzidos pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), testaram a eficácia da disseminação de piriproxifeno (PPF) em diferentes ambientes. Os resultados demonstraram que a tecnologia é eficaz tanto em áreas de laboratório quanto em áreas urbanas de pequena escala. Esses resultados levaram à inclusão das EDLs no rol de metodologias recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Durante os estudos, foi possível avaliar a eficácia e identificar desafios práticos na aplicação da tecnologia. O pesquisador Joaquin Carvajal Cortes, também do Núcleo PReV Amazônia, ressalta a importância da capacitação de agentes públicos e da transferência tecnológica para a expansão da estratégia no país. “Realizamos capacitação de agentes públicos e produzimos ferramentas de transferência tecnológica visando a expansão da estratégia no país”, explica Cortes.
Por Aline Dantas