O Brasil vem registrando um aumento expressivo nos casos de intoxicação por metanol, segundo dados recentes de serviços de saúde e centros de toxicologia. A substância, que é utilizada principalmente na indústria química e como solvente, não é destinada ao consumo humano, mas acaba chegando à população em situações de adulteração de bebidas alcoólicas ou manuseio inadequado em ambientes de trabalho.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
🚨 Crescimento dos casos preocupa autoridades
Nos últimos meses, hospitais de diferentes regiões do país relataram um aumento no número de internações relacionadas ao consumo acidental de metanol, muitas vezes presente em cachaças e outras bebidas falsificadas. A ingestão desse álcool pode causar desde náuseas e vômitos até cegueira e morte em poucas horas.
O toxicologista Henrique Vasconcelos, explica que o organismo humano não possui mecanismos eficientes para metabolizar a substância: “O metanol é convertido no fígado em formaldeído e ácido fórmico, ambos extremamente tóxicos. Essa transformação leva a uma acidose metabólica grave, que pode danificar órgãos vitais em pouco tempo. É por isso que mesmo pequenas quantidades ingeridas podem ser fatais.”
Riscos para consumidores e trabalhadores
Além do consumo acidental em bebidas adulteradas, o contato com metanol também representa risco para trabalhadores em indústrias químicas, gráficas e de combustíveis. A inalação prolongada de vapores ou o contato direto com a pele podem resultar em intoxicações sérias.
A médica sanitarista Camila Monteiro alerta para a necessidade de ampliar a fiscalização: “A questão não se restringe ao consumo de bebidas adulteradas. Há trabalhadores que manipulam a substância diariamente sem o devido uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Essa exposição ocupacional pode gerar intoxicações silenciosas, que só aparecem meses depois, com sintomas neurológicos e visuais”, alertou.
Sintomas e consequências da intoxicação
Os sinais de intoxicação por metanol costumam aparecer de forma rápida. Entre os sintomas mais comuns estão dor de cabeça intensa, visão turva, fraqueza, dor abdominal e dificuldade respiratória. Em casos mais graves, pode haver convulsões, coma e morte.
O oftalmologista Ricardo Almeida, referência em estudos sobre toxicidade ocular, explica o impacto direto da substância na visão: “O ácido fórmico, produto da metabolização do metanol, afeta diretamente o nervo óptico. Isso pode levar a danos irreversíveis e causar cegueira permanente em poucas horas ou dias. Muitas vezes, mesmo quando o paciente sobrevive, ele fica com sequelas visuais para o resto da vida”, relatou ao Revista Cariri.
🚫🥃 Prevenção e combate à adulteração
Autoridades de saúde reforçam a importância de campanhas educativas para orientar a população a não consumir bebidas de origem duvidosa. Produtos vendidos sem registro, em embalagens improvisadas ou a preços muito abaixo do mercado são os principais vetores de intoxicação.
Para a médica sanitarista Camila Monteiro, a prevenção deve ser encarada como prioridade: “Não adianta apenas tratar os casos que chegam aos hospitais. É preciso atacar a raiz do problema, que é a circulação de bebidas clandestinas e o uso indiscriminado do metanol em ambientes sem controle adequado. Isso exige uma ação integrada entre órgãos de saúde, polícia e órgãos reguladores.”
Atendimento médico rápido pode salvar vidas
Em caso de suspeita de intoxicação, especialistas orientam procurar imediatamente atendimento hospitalar. O tratamento inclui a administração de antídotos específicos, como o etanol ou o fomepizol, capazes de competir com o metanol no organismo e reduzir seus efeitos tóxicos.
O toxicologista Henrique Vasconcelos ressalta a importância da rapidez: “Cada minuto conta. Quanto mais cedo o paciente for atendido, maiores as chances de neutralizar os efeitos da substância. A demora pode significar a perda da visão ou até mesmo a morte.”
Um desafio de saúde pública
O aumento dos casos de intoxicação por metanol expõe um problema de saúde pública que vai além da esfera médica. Trata-se de um fenômeno ligado ao crime organizado, ao comércio ilegal e à falta de informação da população.
O oftalmologista Ricardo Almeida conclui destacando a urgência de medidas conjuntas: “Não podemos tratar esse problema como algo pontual. Ele envolve saúde, segurança, fiscalização e educação. Sem uma ação coordenada, veremos novos surtos, mais vítimas e mais famílias devastadas.”
Por Heloísa Mendelshon










