Desde que foi inaugurada em agosto de 2024, em Santana do Cariri, a estátua da menina Benigna vem sendo alvo de críticas constantes de seus devotos. De acordo com os fiéis, o monumento não guarda nenhuma semelhança com a imagem tradicional da beata, conhecida por seu semblante infantil. A representação atual, dizem eles, aparenta feições adultas e destoa da pureza e simplicidade da mártir católica.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
Benigna Cardoso da Silva foi brutalmente assassinada em 1941, aos 13 anos, após resistir a uma tentativa de estupro. O crime chocou o interior do Ceará e, com o passar dos anos, a jovem passou a ser cultuada como santa popular, por ter morrido em defesa da própria castidade.
Em 2022, o Vaticano reconheceu sua trajetória como mártir da fé e oficializou seu nome entre os beatos da Igreja Católica. Desde então, o número de devotos só aumentou.
Obra milionária com gosto questionado
Diante da comoção popular e da crescente peregrinação à cidade natal de Benigna, o Governo do Ceará investiu R$ 15 milhões na construção da estátua e do complexo turístico e religioso ao seu redor.
No entanto, mesmo antes da conclusão da obra — enquanto ainda não haviam instalado a cabeça da escultura — os fiéis já demonstravam descontentamento com o estilo do monumento. Com a inauguração, as críticas se intensificaram.
Estátua será refeita com novo rosto
Agora, nove meses após a entrega da obra, o governador Elmano de Freitas anunciou, nesta semana, que o monumento passará por modificações. A principal delas será a reconstrução do rosto, para que reflita melhor a aparência de Benigna enquanto criança.
A primeira beata do Ceará
Benigna nasceu em 15 de outubro de 1928, no Sítio Oiti, zona rural de Santana do Cariri. Desde pequena, se destacava por sua dedicação à fé e aos estudos. Segundo relatos de pessoas que conviveram com ela, a menina levava uma vida simples e piedosa.
“Ela se relacionava bem com todos, era gentil, muito educada, não usava palavrões e se ocupava responsavelmente com os estudos. Nela, se destacava a simplicidade e a prudência. Sua fama de santidade e martírio é justa”, conta Raimundo Alves Feitosa, de 98 anos, uma das testemunhas ouvidas pelo Vaticano durante o processo de beatificação.
Desde a oficialização como beata, Benigna é a primeira a receber esse título no Ceará. Entre os devotos, há um desejo crescente de que a Igreja Católica avance no processo de canonização e a reconheça oficialmente como santa.
Por Aline Dantas