A quadra chuvosa (fevereiro-maio) no Ceará se aproxima do fim com bons índices já conquistados. Estes volumes acumulados devem-se à regularidade das chuvas neste ano de 2022. Há 105 dias chove de forma consecutiva em, pelo menos, 10 cidades cearenses.
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A última vez que o Estado registrou pluviometria abaixo deste número foi em 24 de janeiro do ano passado – com precipitações em 8 cidades. O levantamento foi realizado pelo Diário do Nordeste com base nos números da plataforma digital da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
No ano passado, essa sequência durou um intervalo menor. Pegando como base o mesmo recorte temporal (10 de maio), choveu durante 92 dias em mais de 10 cidades cearenses.
Em 7 de março do ano passado, a Funceme não registrou pluviometria em nenhum município. Neste ano, em todos os dias o órgão anotou precipitação em pelo menos uma cidade.
Chove em quase todo o Ceará
Em 2022 o Ceará se aproximou de atingir um feito raro. Em cinco décadas – desde que a Funceme começou a monitorar e registrar os dados pluviométricos – só choveu três vezes em todas as cidades cearenses em um único dia Em 15 de março deste ano, 181 dos 184 municípios do Ceará foram banhados pelas chuvas.
A primeira vez que o Estado conquistou essa marca foi em 2004, no dia 27 de janeiro. Logo na data seguinte, em 28 de janeiro, o feito voltou a se repetir. A terceira e última vez que as chuvas atingiram todas as cidades cearenses foi em 2009, no dia 3 de março.
Volumes positivos
Com tantos dias consecutivos de chuva, o ano de 2022 tem acumulado bons resultados. Dos 184 municípios, 57 já superaram a média histórica anual. Ou seja, em pouco mais de 4 meses, choveu o esperado para todos os 12 meses do ano. Em outras 12 cidades, faltam apenas 5% para que o índice anual também seja superado.
As chuvas bem distribuídas em tempo e espaço favoreceram os aportes hídricos em diversos açudes do Estado. De janeiro a maio – dia 8 – os 155 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) já conquistaram 3,68 bilhões de metros³ de água, elevando a porcentagem de armazenamento para 37,1%. No início do ano, este índice era de apenas 20,2%.
O aporte de 2022 é o segundo melhor desde 2011, atrás apenas do ano de 2020, quando o Estado contabilizou, ao fim dos 12 meses, 5,99 bilhões de m³ de recarga hídrica.
Das 12 bacias hidrográficas do Estado, apenas cinco têm volume médio abaixo dos 20%: Baixo Jaguaribe (17,67%), Curu (12,02%), Médio Jaguaribe (8,45%) e Sertões de Crateús (19,61%) e Banabuiú (6,53%).
“Cenário ainda não é de tranquilidade”
Em que pesem os bons aportes, o diretor de Planejamento da Cogerh, Elano Lamartine Leão Joca, alerta que o cenário, ainda que melhor em comparação aos anos anteriores, não é de tranquilidade.
“É importante termos consciência de que vivemos em um estado semiárido, onde sempre há incerteza de como será a próxima quadra chuvosa, por isso, precisamos, além de economizar, termos o uso racional da água.”
Elano Lamartine Leão Joca, diretor de Planejamento da Cogerh
Dentre as bacias em que maior necessidade de acompanhamento periódico, está a Bacia do Banabuiú. “Quando a gente compara com as demais bacias, é essa [a de Banabuiú] que apresenta a situação mais delicada, em que há maior necessidade de atenção”, completou Elano.
O Açude Banabuiú, terceiro maior do Estado, tem apens 8,22% de volume armazenado. Desde maio de 2014 o reservatório não ultrapassa a marca dos 15%, o que reforça o cenário crônico de ausência de água na região.
Por André Costa
Fonte: Diário do Nordeste