Neste ano, a Medalha Ambientalista Joaquim Feitosa foi concedida ao produtor rural, José Raimundo de Matos (Zé Artur), considerado o criador do sistema agroflorestal no Ceará. A comenda chegou à 17ª edição e foi instituída pelo Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga (CERBC).
O homenageado expressou sentimento de alegria e gratidão. “Estou muito feliz e orgulhoso em receber esta medalha e agradeço a todos”.
O titular da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Artur Bruno, evidenciou a contribuição do homenageado “de forma relevante para o desenvolvimento sustentável da Caatinga”.
A indicação de Zé Artur ao prêmio foi feita pelo coordenador estadual de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Kurtis Bastos, que ressaltou o esforço do agricultor em defesa e proteção da Caatinga.
Kurtis Bastos mostrou o esforço do agricultor Zé Artur que “a partir de um curso conseguiu realizar mudanças significativas, eliminando a prática tradicional e cultural do fogo no preparo de solo, que traz riscos para a vegetação nativa”.
Premiação virtual
Desde o ano passado, que a pandemia do coronavírus impede a realização de solenidades presenciais para a entrega da comenda. De forma virtual, a premiação encerrou a programação da Semana da Caatinga 2021, no fim do mês passado.
O evento remoto também fez a entrega da medalha ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (UFC), contemplado na edição anterior da premiação.
Cariri
A unidade agroflorestal de Zé Artur fica localizada em Nova Olinda, no Cariri cearense, no sítio Tabuleiro. O sistema agroflorestal possibilita produção em reduzida área e conserva a natureza.
O manejo produtivo diversificado visa à sustentabilidade do bioma Caatinga e atrai pesquisadores e visitantes anualmente para conhecer as práticas e os resultados ali obtidos. Um dos visitantes foi Ernest Götsch, cientista conhecido como criador da agricultura sintrópica (organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente).
Capacitação
Zé Artur adotava práticas agrícolas comuns no sertão cearense, mas o seu modo de ver e praticar a exploração agrícola mudou há 26 anos, quando ele conheceu técnicas de manejo agroecológico que chegaram à região por meio de pesquisadores alemães.
Em 1995, Zé Artur participou de uma capacitação oferecida a um grupo de agricultores pela Associação Cristã de Base (ACB), que tem sede na cidade do Crato. A ideia era mostrar e disseminar as técnicas de manejo agroecológico.
Um grupo de 20 agricultores foi capacitado. Entre eles, Zé Artur que, além de aceitar a ideia, não perdeu tempo e transformou uma área improdutiva em terra fértil. A transformação exitosa começou a ganhar destaque e chamou a atenção de estudiosos e de outros agricultores.
Após mais de duas décadas, o homenageado agricultor colhe os frutos reais e simbólicos do sistema sustentável: parte da produção é destinada ao consumo familiar.
A prática agroflorestal protege a natureza, une vegetações agrícolas e florestais e elimina o uso do fogo na preparação do solo.
A experiência implantada no sítio Tabuleiro tem sido levada a várias cidades brasileiras nos últimos anos, por Zé Artur.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste