O Palácio do Planalto removeu a foto do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, da galeria de imagens da posse da nova ministra da Secretaria de Governo, a deputada Flávia Arruda (PL-DF).
De acordo com as informações que estavam disponíveis no histórico da imagem, ela foi feita às 11h16m42s desta terça-feira (6). A foto estava disponível no Flickr do Planalto ao menos até as 16h40m46s, horário em que a Folha fez o download do material.
À noite, no endereço que correspondia à foto, aparecia a mensagem “Parece que a foto ou o vídeo que você está procurando não existe mais”.
No álbum do governo no site de fotografias, há 81 imagens das transmissões de cargo realizadas pela manhã, nenhuma com Costa Neto, condenado em 2012 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema do mensalão.
Ao contrário do que costuma acontecer em posses e cerimônias do tipo, a desta terça-feira ocorreu a portas fechadas e sem transmissão ao vivo pela TV Brasil. Fotos e vídeos foram disponibilizadas à imprensa apenas no início da tarde.
A foto desaparecida mostrava Costa Neto, uma cadeira vazia, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o general Luiz Eduardo Ramos, que deixou a Secretaria de Governo e assumiu a Casa Civil.
Todos estavam sentados e de máscara, enquanto Flávia Arruda discursava, também de máscara, no púlpito.
Arthur Lira compartilhou fotos da cerimônia, mas, assim como aconteceu com as imagens que restaram no Flickr do Planalto, o enquadramento deixou Valdemar Costa Neto de fora.
Participei cerimônia de posse da nova ministra da Secretaria de Governo (Segov), dep. @FlaviaArrudaDF e do novo Advogado-Geral da União, André Mendonça, que retorna ao órgão depois de passar pelo @JusticaGovBR. Tenho certeza que farão uma excelente gestão à frente de suas pastas. pic.twitter.com/xGo4SlAC6r
— Arthur Lira (@ArthurLira_) April 6, 2021
Já o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), publicou duas fotos. Em uma delas, o presidente do PL aparece sentado com a máscara na mão.
A Folha pediu explicações à Secom (Secretaria Especial de Comunicação) da Presidência da República na noite de terça-feira, mas não houve qualquer resposta até a publicação desta reportagem.
Bolsonaro foi eleito em 2018 com discurso contrário ao centrão, grupo de partidos fisiológicos do qual o PL é um dos principais integrantes.
Com o passar do tempo, porém, o presidente se viu obrigado a abraçar o bloco, que hoje comanda três ministérios —além do PL na Secretaria de Governo, o PSD está nas Comunicações e o Republicanos, na Cidadania.
Bolsonaro apoiou a eleição para presidência da Câmara do líder do bloco, Arthur Lira, e, nos últimos dias, cedeu à pressão do centrão e demitiu o general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde e Ernesto Araújo do das Relações Exteriores.
Fonte: Folha de S.Paulo