Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e tida como principal porta-voz do grupo bolsonarista autodenominado “300 do Brasil”, a ativista conservadora Sara Winter disse, em entrevista à revista “Veja”, que não gritará mais “mito, mito”, em referência ao apelido dado por apoiadores ao presidente.
“Decidi me aposentar. Nunca mais vocês vão me ver gritando ‘mito’, ‘mito’. Hoje morreria de vergonha de fazer isso”, afirmou ela à publicação. “Fiz tudo aquilo acreditando que havia um movimento para derrubá-lo [Jair Bolsonaro]. Eu me sacrifiquei para defendê-lo e faria tudo de novo, apenas de uma maneira diferente”, justificou, em seguida.
Winter foi presa em junho do ano passado durante um inquérito que investigava atos antidemocráticos. Ela foi acusada de violar a Lei de Segurança Nacional. Na ocasião, a PGR (Procuradoria-Geral da República) defendeu que ela seguia “organizando e captando recursos financeiros” para ações ilegais contra os chefes dos Poderes da República, em referência ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Congresso.
Sara Winter acabou solta dias depois, quando passou a usar tornozeleira eletrônica, mas teve suas contas no Twitter, Facebook e YouTube bloqueadas temporariamente.
“Pode parecer síndrome de Estocolmo, mas tenho mais a agradecer ao ministro Alexandre de Moraes do que à ministra Damares Alves”, afirmou ela à revista.
Em outubro, a ativista voltou às redes sociais e fez um desabafo dizendo que não reconhecia mais o presidente Jair Bolsonaro. “Não sei mais quem ele [Bolsonaro] é. O homem que eu decidi entregar meu destino e vida para proteger um legado conservador”, disse ela, na ocasião, se queixando da falta de apoio.
Em uma sequência de vídeos postados no Instagram, Sara foi adiante em seu desabafo. “Eu vou ter que levantar e resolver os meus problemas. E não tem Bolsonaro para ajudar e não tem Damares [ministra da Mulher, da Família e dos Diretos Humanos] para ajudar”, declarou.
Injúria e ameaça contra Moraes
Sara Winter foi denunciada pelo MPF (Ministério Público Federal) pelos crimes de injúria e ameaça contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, em junho.
A extremista atacou o ministro nas redes sociais depois de ter sido alvo de mandado de busca e apreensão no inquérito das fake news. Na ocasião, a ativista falou em persegui-lo e “trocar socos” com ele. Ela foi presa na última segunda-feira (15) no inquérito que apura manifestações de rua antidemocráticas, também relatado por Moraes no Supremo.
“Eles não vão me calar. De maneira nenhuma. Pelo contrário. Eu sou uma pessoa extremamente resiliente. Pena que ele mora em São Paulo. Se estivesse aqui, eu tava na porta da casa dele, convidando ele para trocar soco comigo. Juro por Deus, eu queria trocar soco com esse filho da put* desse arrombado. Infelizmente eu não posso. Mas eu queria. Ele mora lá em São Paulo, né? Você me aguarde, Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor”, afirmou ela na ocasião, em vídeo que circulou no Twitter.
Na denúncia enviada à 15ª Vara de Justiça Federal, o procurador da República Frederick Lustosa relatou as declarações proferidas pela ativista.
“[Sara] ofendeu o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes (no exercício de suas funções), atingindo-lhe a dignidade e o decoro, utilizando-se de meio que facilitou a divulgação das injúrias (redes sociais); bem como ameaçou o ofendido de causar-lhe mal injusto e grave”, escreveu o procurador.
Fonte: UOL