O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quinta-feira (24) que o Brasil não vai se envolver na guerra comercial entre China e Estados Unidos.
“Não é briga nossa”, afirmou. “Queremos nos inserir sem qualquer viés ideológico nas economias do mundo.”
O comentário foi feito em sua chegada ao hotel onde ficará hospedado em Pequim para uma visita de dois dias ao gigante asiático.
Ao ser questionado pelos repórteres se tinha algum constrangimento por se encontrar com o dirigente chinês Xi Jiping, secretário-geral do Partido Comunista, Bolsonaro disse que não. E acrescentou: “Estou num país capitalista”.
No início deste mês, a China comemorou 70 anos da revolução comunista, encabeçada por Mao Tse-tung.
As declarações representam uma mudança importante em relação à retórica de campanha, quando o então candidato chegou a visitar Taiwan. Ele afirmou na época que “a China não estava comprando no Brasil, mas comprando o Brasil”.
Os comentários provocaram mal-estar no governo chinês, mas aos poucos as relações foram se normalizando depois que Bolsonaro tomou posse. Em maio, o vice-presidente Hamilton Mourão visitou a China e ajudou a acalmar as autoridades locais.
Um tema, no entanto, ainda parece sensível: o papel da gigante de telecomunicações Huawei, que domina a tecnologia 5G. Os Estados Unidos têm feito pressão para que o Brasil não permita que a empresa chinesa participe de licitações no país.
Quando perguntado se a Huawei é bem-vinda para investir no Brasil, Bolsonaro foi vago: “Por enquanto, fora do radar”.
O líder brasileiro também pareceu satisfeito com a indiferença chinesa diante das queimadas da Amazônia. Durante as reuniões prévias da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no país, o tema não apareceu.
“A China está se mantendo equidistante nesse episódio e tenho certeza de que se manterão assim em respeito a nossa soberania”, disse Bolsonaro.
O assunto preocupa especialmente os europeus, com quem o Mercosul fechou um acordo de livre comércio recentemente. Durante a visita ao Japão (primeira parada no tour pela Ásia), Bolsonaro teve um encontro surpresa com o príncipe Charles, da Grã-Bretanha.
Bolsonaro também comentou a crise nas eleições da Bolívia, onde Evo Morales foi reeleito para a presidência em primeiro turno após apurações polêmicas.
“Existe uma pressão externa da OEA para que haja segundo turno. No meu entender, seria uma posição equilibrada. Muita gente suspeita das eleições, mas não sei o governo voltará atrás.”
Durante a tarde desta quinta-feira (23), está previsto um passeio de Bolsonaro pela Grande Muralha da China para se adaptar ao fuso. Na sexta-feira (24), começa a agenda oficial.
Fonte: Folhapress