A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou, neste domingo, o novo ataque do presidente Jair Bolsonaro à imprensa. Ao ser questionado por um repórter do jornal O Globo sobre o escândalo envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz, ele disse que tinha vontade de agredir o repórter.
“É lamentável que mais uma vez o presidente reaja de forma agressiva e destemperada a uma pergunta de jornalista. Essa atitude em nada contribui com o ambiente democrático e de liberdade de imprensa previstos pela Constituição”, disse a ANJ.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, também lamentou o episódio. “O presidente vinha muito bem nas últimas semanas. Com sua moderação vinha contribuindo para a pacificação do debate público. Lamentável ver a volta do perfil autoritário que tanta apreensão causa nos democratas. Nossa solidariedade ao jornalista ofendido e ao jornal que o emprega”, disse Santa Cruz em nota.
Pelo Twitter, o PSDB repudiou a agressão. “O presidente volta a mostrar apreço por posturas agressivas e antidemocráticas. Desrespeita a liberdade de imprensa, em atitude que não condiz com o cargo que ocupa. Agindo assim, não nega apenas uma resposta ao jornalista; nega também a informação transparente aos brasileiros.”
Bolsonaro afirmou que estava com vontade de “encher a boca” do jornalista de porrada após ser questionado sobre os depósitos de Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
O presidente estava visitando a Catedral Metropolitana de Brasília quando foi questionado sobre o fato. Ele também afirmou que o repórter era “safado”.
No início do mês, a revista “Crusóe” mostrou que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, repassou R$ 72 mil em cheques a Michelle entre 2011 e 2016. Os dados foram revelados a partir da quebra do sigilo bancário do ex-assessor. Além disso, o jornal “Folha de S. Paulo” informou que Márcia Aguiar, mulher de Queiroz, repassou R$ 17 mil para Michelle em 2011.
Fonte: Valor Econômico