O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou nesta terça-feira (19) a placa de uma exposição da Câmara que exibia o desenho de um policial com revólver na mão e um jovem caído no chão com o título “O genocídio da população negra”.
A exposição foi aberta nesta terça para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
Tadeu afirmou que fez o seu “protesto em cima do protesto deles” por considerar a imagem um “crime contra as instituições”. “Eu fiz o meu protesto em cima do protesto deles”, disse.
A mostra, que terá duração de um mês, está montada no túnel que liga o plenário principal da Câmara ao anexo das comissões e que é um espaço tradicionalmente usado para exposições.
Intitulada “(Re)existir no Brasil: Trajetórias Negras Brasileiras”, a mostra traça um breve panorama da resistência dos negros na história do país, incluindo suas contribuições e conquistas.
Um trecho do texto que constava da placa dizia que “os negros são as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil”.
Parlamentares de oposição repudiaram o ato deputado Coronel Tadeu e anunciaram que pretendem acionar o Conselho de Ética da Câmara. O episódio também gerou reação no plenário, onde deputados se alternaram fazendo discursos em protesto contra o ato de Tadeu ou com críticas à exposição, por associar a polícia à morte de jovens negros.
“Na condição de Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias desta Casa, quero repudiar, com veemência, a postura adotada pelo Deputado Coronel Tadeu, do PSL, agredindo e rasgando um cartaz da exposição sobre a consciência negra”, afirmou o deputado Helder Salomão (PT-ES). “Esse caso deve ser levado ao Conselho de Ética, porque racismo é crime”.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) se disse “chocado”. “Presidente, quando um deputado federal vandalizou a exposição feita em memória à luta do povo negro no Brasil? É inaceitável, é desonroso para esta Casa que um Deputado Federal não tenha tolerância, não respeite a história dos negros no Brasil, não perceba a gravidade do genocídio praticado nessa sociedade contra a juventude negra e pobre da periferia do Brasil”, disse.
Deputado argumenta
Para o deputado Coronel Tadeu, a imagem é “extremamente ofensiva”. “Aqui está claro: com braçal, com uma boina, cabelinho curto, está claro, até uma criança consegue definir que essa imagem é um policial”, argumentou.
E acrescentou: “A pessoa algemada, com uma camisa do Brasil, dando a entender que um cara foi morto, foi executado. Isso aqui é um crime contra as instituições. Eu não posso aceitar. Eu simplesmente tirei aquela placa da exposição. As outras estão todas lá. Mas essa daqui é ofensiva, extremamente ofensiva. E eu não posso, como policial, deixar passar batido”.
O deputado afirmou que a imagem é um “atentado com quem está preservando vidas”. “É um atentado com quem está preservando vidas. Então, meu protesto está feito. Eu fiz um protesto, legítimo”.
Para Coronel Tadeu, é preciso ter limites. “Todo protesto é válido. Agora sem ofender as instituições. A gente precisa colocar limites nas coisas”, declarou.
O parlamentar afirmou que há espaço para diálogo com deputados de oposição, a fim de que uma nova placa seja colocada no lugar, mas não com a imagem. “Aquilo não dá para permitir numa Casa. Eu discordo”.
Fonte: G1