O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), disse ontem, em entrevista ao Central GloboNews, que a “partidarização da polícia” gerou a greve de policiais amotinados no Ceará. A paralisação, que levou o caos à segurança pública no Estado e fez subir o número de assassinatos, chegou ao fim em 1º de março após militares cederem e aceitarem a proposta do Governo.
“A questão fundamental desse processo é a partidarização da polícia”, afirmou Santana ao ser questionado sobre o que teria levado a essa situação. “Desde quando foi permitido que policiais pudessem se filiar a partidos políticos e se candidatassem estando no cargo, como o civil tem direito, isso começou a criar problemas dentro das polícias”.
“Tanto que todas as lideranças desse movimento são parlamentares; é deputado federal, é deputado estadual, um vereador de Fortaleza, um vereador de Sobral que começou o movimento lá”, disse o governador, dando a entender que o motim também foi político, e não apenas salarial.
Ainda no assunto, ele explicou: “O serviço que é essencial à população, que é garantir a segurança de um policial, não pode ser misturado com política como está sendo. Acho que o Congresso Nacional deveria puxar esse debate sobre a questão de acabar com isso. Nós acabamos de votar no Ceará com a PEC, uma emenda da Constituição Estadual proibindo a anistia…”.
A Proposta de Emenda à Constituição Estadual (PEC), que proíbe a concessão de anistia a militares que aderirem a motins, paralisações, greves ou movimentos paredistas, foi aprovada por deputados estaduais do Ceará nesta terça, 3.
“O que ocorreu no Ceará é lamentável e inaceitável”, desabafou o governador. “É contra a lei e ninguém está acima da lei.
A Constituição brasileira no artigo 142 é clara quanto a militares não poderem fazer greves e paralisações. E o que vimos foram pessoas encapuzadas com armas nas mãos ameaçando a população, mandando fechar o comércio e utilizando os próprios veículos da polícia”.
“Pra mim, esse tipo de policial não honra a farda”, afirmou Santana antes de deixar claro que apenas uma pequena parcela da polícia é que aderiu ao motim. “A grande maioria dos policiais do Ceará é boa, e todos têm o direito de reivindicar melhoria salarial e condições de trabalho. Isso é justo. Porém, tem que ser feito cumprindo a lei”, disse.
Ao finalizar, o governador defendeu que após esse cenário de guerra assistido, a segurança no Estado está se normalizando e as pessoas podem caminhar tranquilamente pelas ruas e sem preocupação: “Já estamos voltando à normalidade. É claro que em qualquer lugar do mundo não estamos seguros. Até na França há problemas. Mas o Estado tem investido muito para garantir a tranquilidade das pessoas, principalmente a dos turistas que chegam ao Ceará”.
Fonte: UOL