O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo investigado por ter supostamente participado de um esquema de inclusão de dados falsos sobre a vacinação da Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. A Polícia Federal acredita que ele tenha fraudado os certificados de vacinação com o intuito de entrar nos Estados Unidos no fim do ano passado. Bolsonaro viajou ao país em dezembro, dois dias antes da posse de Lula.
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Bolsonaro declarou publicamente em diversas ocasiões que não se vacinou contra a Covid-19 e adotou um discurso contrário à imunização durante o período na presidência.
Apesar disso, antes de deixar o cargo, ele impôs sigilo em seu cartão de vacinação — que foi derrubado pela CGU (Controladoria-Geral da União).
O que as autoridades já sabem
• Bolsonaro tem registro de vacinação
Em fevereiro deste ano, o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinícius Marques de Carvalho, confirmou que há um registro de imunização contra a Covid-19 no certificado do ex-presidente. No entanto, na ocasião, já havia suspeita de que o dado poderia ter sido adulterado.
• Cartão foi emitido no Planalto
No perfil de Bolsonaro no ConecteSUS, emitido em um computador do Planalto, as supostas vacinações do ex-presidente só foram cadastrados em 21 de dezembro do ano passado, referentes às imunizações que ele teria tomado meses antes. Os registros das falsas doses foram apagados, mas deixaram um rastro no sistema.
• Ele não esteve presente na unidade de saúde nos dias da vacinação
O certificado aponta que Jair Bolsonaro tomou duas doses da Pfizer, nos dias 13 de agosto e 14 de outubro de 2022. A imunização ocorreu no Centro Municipal de saúde de Duque de Caxias (RJ). No entanto, no dia do primeiro registro, ele esteve no Rio de Janeiro e voou diretamente para Brasília; já no segundo, Bolsonaro participou de um ato de campanha no final da manhã na cidade, mas voou para Belo Horizonte à tarde.
• Um terceiro registro foi encontrado
O ex-presidente teria recebido uma dose da Janssen em 19 de julho de 2021, na UBS Parque Peruche, na zona norte de SP. A informação foi repassada pela CGU à PF. Neste dia, porém, Bolsonaro estava em Brasília.
• Ninguém viu ele tomando vacina
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo diz que não consta registro de atendimento no Peruche. Já a técnica de enfermagem, que teve o nome vinculado ao cartão de vacina do ex-presidente, nega ter aplicado alguma dose nele, segundo o jornal O Globo. Na época, diferentemente do que indica o registro de vacinação, ela não trabalhava no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, onde a vacina teria sido aplicada.
“Não apliquei vacina nele. Sou realmente técnica de enfermagem e já apliquei bastante vacina, mas nele, não.”
Técnica de enfermagem Silvana de Oliveira Pereira
Informação de suposta vacinação surgiu quando ele estava prestes a viajar aos EUA
A PF diz que os dados dos certificados de vacinação foram adulterados para permitir a entrada de Bolsonaro no país, no fim do ano passado. Segundo as investigações, apesar de não ter se vacinado, ele possuía um certificado ilegal que indicava o oposto. Há suspeita que as fraudes beneficiaram a filha dele, Laura, de 12 anos, e assessores e familiares deles que também viajaram aos EUA.
O que Bolsonaro diz
Não se vacinou e não adulterou documentos. Bolsonaro nega que tenha tomado qualquer imunizante da vacina contra a Covid-19 e também alega que não adulterou certificado.
“Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum. Não existe adulteração. Eu não tomei a vacina e ponto final. Nunca neguei isso.”
Bolsonaro à emissora CNN Brasil, na porta de sua residência, em Brasília
O cartão de vacinação será divulgado?
Sim, mas ainda não há data para que isso aconteça. A CGU decidiu em abril derrubar o sigilo imposto, mas determinou que os dados só sejam repassados após a conclusão da investigação da pasta que apura a possível inserção dos dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.
Fonte: UOL