O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta terça-feira (10) à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ação penal que investiga os réus do chamado “núcleo 1” da tentativa de golpe ocorrida no Brasil em 2022. O interrogatório foi conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
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🔹 Críticas às urnas e defesa do voto impresso
Logo no início do depoimento, Bolsonaro foi questionado sobre as alegações de fraude eleitoral e seus ataques ao sistema de votação eletrônica. Ele respondeu afirmando que sua postura crítica em relação às urnas “não é nova” e que outros políticos também já manifestaram desconfiança.
“Minha retórica sempre foi parecida com isso. A questão da suspeição às urnas não é algo privativo meu”, disse o ex-presidente, que também voltou a defender o voto impresso, afirmando que milita por essa pauta desde 2012.
Segundo Bolsonaro, suas declarações sobre o sistema eleitoral tinham o objetivo de “alertar” a população, e não de questionar de forma ilegal o processo democrático. Ele ainda afirmou que, durante as eleições de 2022, teve ações de campanha barradas pela Justiça Eleitoral e alegou que houve desequilíbrio na disputa.
“O outro lado podia tudo”, afirmou.
🔹 Negativas sobre tentativa de golpe
Bolsonaro negou envolvimento em qualquer plano de ruptura institucional: “Nunca me viram agir contra a Constituição. Joguei dentro das quatro linhas.”
Ao ser questionado sobre a minuta de decreto de golpe, o ex-presidente reconheceu que houve uma reunião com seu ex-assessor Felipe Martins, mas negou que se tratasse de algo inconstitucional.
“Refuto qualquer possibilidade de que seja uma minuta do mal. Tratamos de GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e possibilidades dentro da Constituição”, declarou.
🔹 Pedido de desculpas a Moraes e menção às eleições de 2026
Durante o depoimento, Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por ter afirmado anteriormente que ministros do TSE estariam recebendo vantagens financeiras nas eleições. “De fato, não há indícios disso”, disse.
Ainda em tom descontraído, o ex-presidente sugeriu, em forma de brincadeira, uma chapa com o ministro em 2026:
“Me permite uma brincadeira? Queria convidá-lo para ser meu vice em 2026.”
Moraes respondeu com humor: “Eu declino.”
Bolsonaro está inelegível desde 2023, por decisão do próprio TSE, após ser condenado por abuso de poder político.
🔹 Campanhas, PRF e ausência na posse de Lula
O ex-presidente negou ter participado de qualquer operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o voto de eleitores de seu adversário, Lula (PT). Afirmou que soube do caso apenas depois das eleições.
Sobre não ter passado a faixa presidencial, Bolsonaro justificou: “Não ia me submeter à maior vaia da história do Brasil.”
🔹 Reflexões sobre a presidência e os acampamentos golpistas
Ao final do depoimento, Bolsonaro descreveu sua experiência como chefe do Executivo: “É um inferno aquela vida. Dei o melhor de mim, minha família sofreu muito.”
Ele também afirmou que nunca visitou os acampamentos de apoiadores que pediam intervenção militar após o resultado das eleições. Disse ter acompanhado os atos apenas pelas redes sociais.
Encerrando seu interrogatório, Bolsonaro fez um apelo: “Não gostaria de ser condenado. Peço a Deus que ilumine todos os senhores. Parabéns ao nosso país.”
Por Pedro Villela, de Brasília










