O sobrevivente da chacina ocorrida na tarde deste domingo (18) em uma residência na cidade de Quiterianópolis, a 410 quilômetros de Fortaleza, se fingiu de morto para evitar ser assassinado pelos criminosos. As vítimas consumiam bebidas alcoólicas quando quatro homens armados entraram no local, pediram para as vítimas ficarem deitadas e efetuaram disparos.
Uma testemunha afirmou a reportagem que o sobrevivente, que tem 18 anos, estava no alpendre da casa e presenciou todo o crime. Após levar o tiro na perna, ele se jogou no chão. Depois que os suspeitos fugiram, o jovem se levantou e, segundo a testemunha, pediu ajuda a vizinhos. Não há informações sobre o o estado de saúde dele.
Essa testemunha e outras duas pessoas prestaram depoimento nesta segunda-feira (19) ao delegado de Quiterianópolis, Adriano Queiroz. Segundo o delegado, após as investigações iniciais, foram apreendidos armas e um aparelho celular de uma das vítimas.
Ainda de acordo com a testemunha, no momento da execução dez pessoas estavam dentro da casa. O grupo invadiu o local armado e encontrou José Reinaque Rodrigues de Andrade, de 31 anos, no quintal, e Antônio Leonardo Oliveira Silva, de 19 anos, na cozinha.
Os criminosos ordenaram que seis deles fossem para fora do imóvel e que ficassem deitados no chão para serem executados. O sexto é justamente o jovem que fingiu estar morto após ser baleado. Outras quatro pessoas que estavam na casa foram “poupadas”, conforme o delegado.
Passagens pela polícia
Duas vítimas da chacina tinham passagens pela polícia (veja no vídeo no início da reportagem). Uma delas usava tornozeleira eletrônica, segundo a Secretaria da Segurança. Irineu Simão do Nascimento, 25 anos, tinha antecedentes criminais por roubo e associação criminosa, e Reinaque respondia por roubo e era monitorado por tornozeleira eletrônica.
As outras três vítimas da chacina não tinham antecedentes criminais. Além de Leonardo, elas foram identificadas como Etivaldo Silva Gomes, de 23 anos, e Gionnar Coelho Loiola, de 31 anos.
Gionnar era cirurgião-dentista, morava e trabalhava na cidade de Novo Oriente, segundo informações do irmão dele, o jornalista Nathan Loiola. De acordo com o familiar, Gionnar tinha ido a Quiterianópolis para um almoço.
Histórico de execuções
Não é a primeira vez que o município tem uma ocorrência do tipo. Em julho de 2018, quatro pessoas da mesma família – mãe, dois irmãos gêmeos e um tio dos jovens – estavam em um sítio na zona rural de Quiterianópolis, quando foram abordados por homens armados que chegaram em um veículo.
Os criminosos efetuaram diversos disparos contra as vítimas. Três morreram no local – e a mãe dos gêmeos chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
O caso mais deste domingo foi a segunda chacina registrada no Ceará em 2020. A primeira ocorreu no dia 14 de maio, em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza. O crime resultou em quatro pessoas mortas a tiros, dentro de uma residência. Até então, o estado não registrava uma chacina havia um ano e um mês.
Fonte: G1 CE