O general 4 estrelas Braga Neto não foi preso, foi colocado entre parênteses. As Forças Armadas colocaram o Brasil entre aspas. Os grandes conglomerados financeiros colocaram 2 pontos depois do Brasil, que ficou assim “Brasil:”, mas que na realidade paralela se lê assim – Brasil… vírgula. As reticências somos nós, às margens plácidas.
Walter Braga Neto não existe. O CPF dele é diferente, tem 4 estrelas depois do nome. Antes do nome tem escrito General, sem reservas e com um salário imenso. No Brasil isso é muito umbilical. Por isso ele tem direito à sala, e não a uma cela. É bom não confundir golpe de estado, com golpe militar. Isso no Brasil é muito importante. O golpe militar no Brasil tem regalias nas entrelinhas. É uma questão de linguagem.
A sala que o general Braga Neto tem direito, tem ar-condicionado, internet, tem até computador com direito a aplicativo que simula estratégias de guerrilhas contra o comunismo, dirá banheiro individual, próprio, limpinho, isso já vem no pacote, sem precisar de puxadinho de nenhuma licitação. E não é qualquer sala não. Ele está no quarto do chefe do Estado Maior da 1ª Divisão do Exército.
Se tu, reles mortal, quiser jogar fora das 4 linhas, e isso no Brasil é muito importante, de acordo com as reticências, e quiser se comportar como manada de torcida organizada, e se quiser soltar fogos de artifício para não deixar ele dormir, a 1ª Divisão do Exército, fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Vai! Vai!! Vai: pra tu vê se teu acampamento não é desmontado em dois segundos, e sem aspas. Preste atenção que depois do “Vai!” tem um “Vai”, que tem 2 pontos. Isso no Brasil é muito importante.
Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, além de candidato a vice do ex-presidente na eleição de 2022, Braga Netto, só vai para uma prisão comum, dessas como Papuda, Bangu e outras espalhadas no universo do Poder Judiciário, se for condenado. Se for levado a julgamento. Se a PGR acatar qualquer vírgula, qualquer parágrafo, se qualquer inciso for considerado digno de nota.
Só que no Brasil – desculpem a cacofonia, ela foi quase intencional – esse (“SE”) é muito importante, como também é muito valorizado nas especulações das operações financeiras, que torturam as reticências nas entrelinhas, que sequestram as verbas do grande orçamento da nação. Isso, no Brasil, é mais importante do que qualquer patente. Mas esses são os colchetes e as chaves que impedem a leitura adequada da realidade.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri