O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu nesta terça-feira (13) aos 89 anos, em Montevidéu. A informação foi confirmada pelo atual presidente do país, Yamandú Orsi, considerado herdeiro político de Mujica.
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“Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo”, declarou Orsi nas redes sociais.
Mujica travava uma batalha contra um tumor no esôfago, revelado em abril de 2024, e cujo avanço havia sido confirmado em janeiro deste ano. Nesta segunda-feira (12), sua esposa, Lucía Topolansky — ex-vice-presidente uruguaia — já havia informado que ele estava em estado terminal, sob cuidados paliativos.
🗺 Trajetória: de guerrilheiro à Presidência
Nascido em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, Mujica teve uma vida marcada por lutas políticas e uma profunda conexão com os ideais de justiça social.
🔹 Anos 1960: Integrou o grupo guerrilheiro Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, que realizava ações como assaltos a bancos para redistribuição de renda.
🔹 Ditadura militar: Preso em 1972, foi mantido em condições desumanas e passou 14 anos na prisão, boa parte em solitária. Libertado em 1985 após anistia.
🔹 Carreira política: Foi deputado (1994), senador (1999) e ministro da Agricultura (2005). Em 2010, foi eleito presidente do Uruguai, cargo que ocupou até 2015.
🌱 Um presidente diferente
Durante seu mandato, Mujica se destacou pelo estilo de vida austero e simples. Morava com a esposa em um sítio nos arredores da capital e dirigia um Fusca azul 1987.
Mesmo como presidente, doava até 90% de seu salário para programas sociais. “Sou um velho teimoso com ideias de justiça”, costumava dizer.
📈 Legado político
🔸 Gasto social: Elevou de 60,9% para 75,5% do total dos gastos públicos.
🔸 Salário mínimo: Reajuste de 250% durante seu governo.
🔸 Política de drogas: Legalizou a produção, venda e consumo de maconha no país, em medida pioneira no mundo.
Após deixar a presidência, Mujica retornou ao Senado, onde permaneceu até 2020, quando renunciou por motivos de saúde, em meio à pandemia de Covid-19.
🌿 Os últimos anos
Nos anos finais de vida, Mujica se dedicava ao cultivo da sua horta e ao companheirismo com Lucía. Declaradamente ateu, dizia-se próximo do panteísmo, admirando profundamente a natureza.
“Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”, afirmou em entrevista em 2012.
Por Fernando Átila
