A vacina da Janssen, da Johnson & Johnson, contra a Covid-19 pode ser associada a um pequeno aumento no risco de desenvolver a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença rara, mas potencialmente grave, informou a FDA – Agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos. A agência adicionou um alerta sobre o efeito colateral potencial à ficha técnica da vacina.
O risco parece ser muito pequeno. Até agora foram reportados 100 casos da síndrome em pessoas que receberam a vacina. Quase 13 milhões de doses do imunizante da Johnson & Johnson foram administradas nos Estados Unidos.
Abaixo veja algumas respostas para as perguntas mais comuns sobre essa síndrome e sua relação com a vacina.
O que é a Síndrome de Guillain-Barré?
Trata-se de uma doença rara em que o sistema imune do corpo ataca as células nervosas. Causa fraqueza dos músculos e paralisia. Embora os sintomas com frequência desapareçam em questão de semanas, em alguns casos prejudicam o sistema nervoso. Nos Estados Unidos são registrados normalmente entre três mil e seis mil casos da síndrome a cada ano, de acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC). É mais comum em adultos com mais de 50 anos de idade.
A causa exata da síndrome é desconhecida, mas em muitos casos ela surge depois de uma doença ou infecção, como a gripe. E foi registrada em pessoas que contraíram a Covid-19.
O que isso tem a ver com a vacina?
Esta não é a primeira vacina a ser associada à síndrome Guillain-Barré, apesar de o risco aparentemente ser muito pequeno. Uma ampla campanha de vacinação contra a gripe suína em 1976 levou a um pequeno aumento da incidência da síndrome; a vacina causou um caso em cada grupo de 100 mil pessoas vacinadas. A vacina contra a gripe sazonal está associada a aproximadamente dois casos da síndrome para cada um milhão de vacinas administradas.
“Acho que os dados são bem convincentes no sentido de que a vacina contra a gripe pode causar a síndrome de Guillain-Barré, mas o risco é muito pequeno”, afirmou Daniel Salmon, diretor do Institute for Vaccine Safety na Johns Hopkins University.
A vacina contra o Herpes Zoster também aumenta o risco da síndrome.
Não estão totalmente claras as causas dessa doença rara. “Não compreendemos realmente o mecanismo biológico. É muito frustrante”, afirmou Salmon.
O que sabemos sobre a sua conexão com as vacinas contra a Covid-19?
Uma centena de informes sobre a síndrome após a aplicação da vacina da Johnson & Johnson foi apresentada ao Sistema de Notificação de Eventos Adversos da Vacina (VAERS), declararam as autoridades na segunda-feira. Em 95 casos a hospitalização foi necessária e um foi fatal.
A síndrome, no geral, foi constatada duas semanas após a vacinação, especialmente em homens, muitos deles com idade superior a 50 anos. Não há evidências suficientes para determinar que a vacina causa a síndrome, mas a FDA continuará a monitorar a situação, segundo afirmou em um comunicado.
Ainda não há dados sugerindo um elo entre a síndrome e as vacinas contra a Covid fabricadas pela Pfizer-BioNTech ou pela Moderna, que utilizam uma tecnologia diferente, declarou a FDA.
Quais os sintomas que devem ser observados?
A síndrome costuma surgir 42 dias após a vacinação, observa a FDA no registro de dados de pacientes. Você deve consultar um médico se começar a sentir fraqueza ou formigamento nos braços e pernas, visão dupla ou dificuldade para andar, falar, mastigar, engolir ou controlar a bexiga ou os intestinos.
Devo ainda tomar a vacina contra a Covid-19?
Se o elo entre a vacina e a síndrome for real, parece ser em muito superado pelos riscos da Covid-19, afirmam especialistas. Nos Estados Unidos, quase todas as hospitalizações e mortes decorrentes da Covid-19 ocorrem entre os que não estão vacinados, de acordo com o CDC. A agência recomenda que qualquer pessoa com idade superior a 12 anos seja vacinada.
“Tudo comporta riscos. E o importante para a tomada de decisão é otimizar os benefícios e reduzir os riscos”, disse Daniel Salmon. “A Covid é uma doença muito cruel que já matou 600 mil pessoas”.
Fonte: Estadão