Desde o último 26 de novembro, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a ômicron como uma variante de preocupação, o mundo entrou em alerta. A nova cepa do coronavírus começava então a exibir uma capacidade de disseminação nunca vista em dois anos de pandemia. O tempo comprovou a forte suspeita: em pouco mais de um mês de circulação, a mutação detectada originalmente na África do Sul, já está presente em 110 países e continua a evoluir. “A ômicron está se propagando em um ritmo que não vimos com nenhuma variante anterior”, chegou a afirmar o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, quando ela acometia ainda 77 países. A velocidade de espalhamento chega a ser três vezes maior em relação à Delta, para se ter ideia.
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Uma questão, no entanto, ainda estava em aberto: a explicação para o baixo número de mortes provocadas quando comparada à Delta. Há a linha científica que atribui ao alto índice de imunizados naturalmente e vacinados — rapidamente grandes laboratórios passaram a trazer resultados de estudos com seus imunizantes. Há também os que dizem que as mutações em si poderiam ter tornado o coronavírus mais fraco, se dividindo menos nas células dos pulmões, por exemplo. Mas agora um estudo conduzido pelos institutos de Imunologia e de Medicina da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mostrou que o que a torna mais amena é o caminho inédito que a cepa escolhe para entrar nas células humanas.
Resumidamente, há duas portas celulares para a entrada do coronavírus. Uma delas, a principal, usa uma proteína chamada TMPRSS2 para atrair o vírus. A segunda usa a proteína catepsina para fazer o mesmo. A genética do coronavírus fez com que a primeira até então tivesse sido escolhida por todas as variantes para entrar. Ela é mais escancarada, digamos assim, o que faz o vírus entrar com mais potência e tornar as infecções mais graves. A segunda, que atraiu apenas a ômicron até agora, possui substâncias naturais que amenizam a agressividade do vírus logo na sua chegada. Com isso, a doença seria menos grave.
Cloroquina
O achado dos pesquisadores ingleses, que ainda tem de ser avaliado por pares, além de poder explicar porque a ômicron em geral causa doença menos agressiva, também remete a um conhecimento anterior. Estudo divulgado em janeiro de 2021 pelo Departamento de Imunologia e Microbiologia do Instituto The Scripps Research, na Flórida, Estados Unidos, mostrou que a porta alternativa de entrada é também o caminho de chegada da cloroquina nas células humanas. “Isso explica o fato de o remédio polêmico não ter sido eficaz no tratamento da Covid-19, já que as outras cepas chegavam por outro lugar”, explica Salmo Raskin, médico geneticista e diretor do Laboratório Genetika, de Curitiba.
Mas o trabalho também indica agora que a cloroquina poderia ser testada para investigar a ação contra a infecção provocada pela ômicron, visto que atua no mesmo mecanismo celular da nova cepa. A cloroquina age tornando o ambiente celular menos ácido – o que amenizaria a penetração do vírus.
Não há qualquer recomendação médica ou científica para o uso da cloroquina contra a doença. A lógica é ainda teórica. O estudo indica apenas que novas pesquisas podem ser feitas com o uso da cloroquina no combate à infecção pela ômicron.
Brasil registra 86 mortes por Covid-19 nesta segunda-feira
O Brasil registrou 86 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando a 618.534 vidas perdidas para a doença. Os dados foram divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nesta segunda-feira (27).
Nas últimas 24 horas, 6.840 novos casos positivos para o novo coronavírus (Sars-Cov-2) foram registrados no Brasil. Ao todo, 22.246.276 brasileiros já foram infectados pelo vírus.
Em relação aos casos confirmados do novo coronavírus, São Paulo lidera com mais de 4,4 milhões de casos. Minas Gerais, com 2 milhões, e Paraná, com 1,5 milhão de casos, aparecem na sequência. O estado com menos casos de Covid-19 é o Acre (88.379), seguido por Amapá (126.701) e Roraima (128.791).
Ainda, o site do Conass informou que estado de São Paulo, Roraima e Tocantins mantiveram os dados de ontem por problemas técnicos nos dados revisados pela SES PB.
Nesta segunda, o país registrou média móvel de óbitos de 94; no domingo, essa taxa era de 92. Já a média móvel de casos está em 4.346.
O Instituto Johns Hopkins contabiliza 280.768.392 casos de Covid-19 em todo o mundo e 5.404.329 mortes. Os Estados Unidos, Brasil e Índia são os países mais afetados pela doença.
Fonte: Agência O Globo