Ao começar a ser aplicada, a vacina contra a Covid chegou primeiro aos braços de quem tem idade mais avançanda. Isso devido ao risco aumentado de quadros graves e óbitos na população idosa. Mas, parte desse grupo etário ainda está atrasada na fila para receber a imunização.
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No Ceará, 17.662 idosos só se cadastram no Saúde Digital, sistema do Governo do Estado, entre novembro 2021 – quando começou a aplicação da dose reforço para pessoas acima de 60 anos – e janeiro 2022. No Estado o cadastro é obrigatório para receber a imunização.
Na fila dos atrasados estão em maior número os idosos da faixa etária entre 60 e 64 anos, com 5.606 cadastros no período analisado. No caso dos mais velhos, com 80 anos ou mais, foram 2.700 inscrições para receber a primeira dose contra a Covid-19 nos últimos três meses.
Isso acontece em um contexto em que as pessoas acima de 60 anos registram as maiores taxas de mortalidade para o coronavírus desde o início da pandemia. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) disponibilizados na plataforma IntegraSUS.
Os idosos também são prioridade para reforço vacinal, porque estudos científicos mostram queda da imunização conferida pelas vacinas depois de seis meses da aplicação da última dose.
“A população mais vulnerável, que teve prioridade para a 3ª dose, é justamente as pessoas em que esses anticorpos caem mais rápido, porque já têm uma deficiência imunológica inata”, explicou a médica infectologista Melissa Medeiros em entrevista sobre reforço vacinal.
Em todo o Ceará, os idosos acima de 70 anos começaram a receber a D3 no dia 24 de setembro. No início de novembro, o Estado começou a aplicação para quem tem mais de 60 anos. Em 7 de dezembro, foi autorizada a redução do intervalo de seis para quatro meses entre as doses.
Ainda assim, parcela do grupo que tem preferência para a imunização entrou tardiamente para o cadastro.
O registro no sistema cearense da vacinação tem importância destacada para o controle da doença no Estado, porque as estratégias de saúde se baseiam nas estimativas populacionais, já que não há Censo Demográfico desde 2010.
O Ceará já aplicou a 1ª dose mais do que em todo o público definido, com base nessas estimativas, mesmo os cadastros tardios acontecendo – o que denota uma demanda maior do que a prevista. Confira os dados do Vacinômetro da Sesa até o dia 3 de janeiro:
• Idosos 60 a 64 anos
Meta: 338.186
1ª doses aplicadas: 348.821
Doses de reforço aplicadas: 232.250
• Idosos 65 a 69 anos
Meta: 275.727
1ª doses aplicadas: 277.533
Doses de reforço aplicadas: 215.266
• Idosos de 70 a 74 anos
Meta: 221.679
1ª doses aplicadas: 255.996
Doses de reforço aplicadas: 208.673
• Idosos acima de 75 anos
Meta: 344.771
1ª doses aplicadas: 378.753
Doses de reforço aplicadas: 304.219
O risco para quem não recebe a vacina
O grupo de não vacinados pode estender o período pandêmico, além de representar maior número entre as internações e óbitos, como explica a epidemiologista Caroline Gurgel. “A vacina não confere uma proteção individual, porque o foco é uma proteção comunitária”, frisa.
A especialista destaca que a vulnerabilidade dos idosos está no potencial acentuado da inflamação causada pela Covid-19. Nesse contexto, o ciclo vacinal completo com o reforço garante maior proteção aos idosos.
“Temos uma quantidade muito grande de pessoas vacinadas que, ao se infectar com a Ômicron, têm tido sinais leves da infecção, mas as pessoas que não se vacinaram estão lotando os hospitais e estão falecendo”, conclui.
Por Lucas Falconery
Fonte: Diário do Nordeste