Um dos dispositivos mais importantes na área da saúde, com demanda intensificada pela pandemia de coronavírus, é o leito em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para tratar pacientes com a doença. Diante da alta de casos, os desafios para abrir e manter leitos só aumenta no Ceará, tendo em vista que, só o custo mensal para fazer funcionar um deles, é de R$ 80 mil.
Ao todo, o Ceará tem, hoje, 1.291 vagas ativas para Covid; destas, 702 são leitos da administração pública. O restante são leitos particulares ou de entidades sem fins lucrativos – números insuficientes para a demanda crescente.
Por sua vez, na Capital, são 480 leitos ativos da administração pública, com 91,88% de ocupação.
Também neste momento, a taxa de ocupação dos leitos de UTI em todo o Estado atinge a marca de 91,48%, conforme dados do Integra SUS, plataforma da Secretaria da Saúde (Sesa), coletados às 9h15 deste sábado (13).
Ampliar a rede de leitos de alta complexidade, porém, não é simples, ainda que o Ceará esteja em estado de calamidade, o que facilita a utilização de recursos públicos. É preciso, além de dinheiro, espaço físico, equipamentos e, principalmente, profissionais de saúde para atender os pacientes hospitalizados.
Ivan Coelho, secretário executivo de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional da Sesa, afirmou, em live com o governador Camilo Santana, que somente a montagem de um novo leito de UTI no Ceará “custa em torno de R$ 100 mil, com cama, respirador e todos os equipamentos”.
Além disso, para manter a vaga funcionando, são investidos por mês cerca de R$ 80 mil, montante que torna “enorme o esforço do Estado” para administrar as contas, num cenário em que mais de 1.290 leitos só para tratamento da Covid-19 estão em funcionamento.
Mais de R$ 2,6 mil por mês
Do total de leitos de UTI estaduais, 849 estão em hospitais da capital cearense, segundo dados do Integra SUS, coletados às 9h15 deste sábado (13).
Sob administração da Prefeitura de Fortaleza, são 127 unidades de alta complexidade voltadas exclusivamente “para o tratamento adulto e infantil de Covid-19”, como informa a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em nota.
Segundo a Pasta, o custo para manter um leito de UTI Covid é de R$ 2.666,67 por dia, de modo que o investimento mensal nesse tipo de equipamento varia de R$ 80 mil a R$ 82,6 mil. O valor é o dobro do necessário para manter uma vaga de enfermaria, cujo gasto diário é de R$ 1.233,33, totalizando entre R$ 37 mil e R$ 38,2 mil por mês.
Os valores repassados pelo Governo Federal para custeio de um leito de UTI depende da categoria da estrutura, como explica a secretaria, e podem ser até seis vezes menores do que o necessário para manter a unidade operando. “Pode variar entre um valor diário de R$ 400 a R$ 1.600, repassado ao Município mensalmente”, complementa a nota.
No último dia 24 de fevereiro, o titular da Sesa, Dr. Cabeto, afirmou que o Estado tinha, no período, “811 leitos de UTI em funcionamento, dos quais só 300 estavam habilitados” pelo Ministério da Saúde – de modo que os custos são arcados somente pelo governo local.
Carência de profissionais
Os recursos são necessários para bancar os equipamentos exigidos para assistência complexa, como “ventiladores, respiradores, monitores com capnografia (monitoramento da quantidade de dióxido de carbono nos gases respiratórios), oxímetros, eletrocardiógrafos, desfibriladores e bombas de infusão”, como lista a SMS.
As máquinas, contudo, não servem à vida sem a presença de equipes multiprofissionais, formadas por “médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais, serviços gerais, além de apoio diagnóstico e nutricional”, como reforça a gestão municipal.
A limitação de recursos e a escassez de profissionais para atuar em meio à pandemia, porém, não atingem somente o setor público. Aramicy Pinto, presidente da Associação dos Hospitais do Estado (Ahece), afirma que “além de o espaço físico para criação de UTIs ser finito, a oferta de pessoal treinado para tratar pacientes graves é pequena”, já que estão sobrecarregados ou adoecendo.
Até as 9h15 de hoje (13), 20.646 profissionais da saúde já haviam sido infectados pelo coronavírus. Destes, 51 não resistiram às complicações da doença. A maior parte de casos e óbitos é registrada entre profissionais da enfermagem.
Gastos na pandemia
Somente no combate ao coronavírus, o Governo do Estado já gastou mais de R$ 1 bilhão, incluindo compra de equipamentos hospitalares, auxílio a profissionais de saúde infectados pela Covid, logística, entre outras despesas. Os dados constam no Portal da Transparência.
Fonte: Diário do Nordeste