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Pandemia em Matozinho – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

3 de abril de 2020
Pandemia em Matozinho – Por J. Flávio Vieira
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Isolada do mundo, Matozinho soube da novidade de supetão, sem a pausa necessária para não lhe tomar o fôlego. Geremildo Jurubeba, há mais de vinte anos, morava na capital. Estabelecera-se por lá, na periferia, com uma pequena bodega com a qual sustentava a família, sem grandes riquififes. Juntava hoje o dinheiro para a comida do dia seguinte. As notícias de alguns familiares seus que ficaram por Matozinho, no entanto, davam-no como um empresário de alto calibre. Do ramo de mercantis e supermercados na capital, do porte dos Paes Mendonça ou de Abílio Diniz. Uns cinco anos atrás, estivera ele em visita à sua cidade natal. Viera, no entanto, estranhamente, na sopa do velho Zé Odimar , esperava-se o helicóptero ou, no mínimo, uma cabine dupla carregando o empresário. Correu, rápido uma onda explicativa de humildade: ele gostava de sentir o cheiro do povo de onde provinha! Os macacos velhos da vila ficaram com a purga detrás da orelha: tinha caroço de pequi naquele angu! Semana passada, Geremildo chegou às carreiras da capital e disse que para lá nunca mais voltaria. Tinha perdido tudo por conta de uma doença que estava contaminando a população e já tinha matado mais de cinquenta pessoas, inclusive a esposa. Desabara para ali pensando em se esconder, mas tinha certeza que a moléstia viria atrás, parecia uma daquelas pragas do Egito. Foi aí que Matozinho tomou conhecimento da ameaça que aparentemente estava no seu encalço. As notícias foram sendo atualizadas pelos tropeiros e mascates que abasteciam o comércio local. Transitando por esse mundão de meu Deus, levavam suas bugigangas nas malas dos burros, mas, também, junto, as fofocas e conversas de beira de rua por onde passavam. Os matozenses foram percebendo, semana após semana, que o alarmismo de Jurubeba tinha lá suas razões. A doença vinha se espalhando pelo estado, já matara mais de cem pessoas e tinha uma preferência danada por velho.

O converseiro espalhou-se como rastilho de pólvora e terminou por chegar aos ouvidos do prefeito Sinderval Bandalheira que, prontamente, mandou chamar o seu assessor direto, Sebasto Maneta, e lhe pediu, com urgência, para tomar pé da situação. Temia serem pegos no contrapé. Maneta buscou as fontes estatísticas disponíveis na sua pasta: Geremildo e alguns tropeiros circulantes na vila, naquele dia. Encontrou ainda com um primo que lhe falou de um caso suspeito da moléstia em Serrinha dos Nicodemos, distante umas dez léguas de Matozinho. Abastecido o seu DATASUS, Maneta retornou a Sinderval e trouxe seu relatório.

— Prefeito, pelo que pude apurar, a coisa é séria mesmo. É uma doença que veio das “estranjas” e tá matando o povo como passarinho que come alpiste estragado. Dizem que é um tal de Coronhavírus. O certo é que a bicha parece uma gripe, dá uma morrinha danada no corpo, febre e falta de ar. Não tem meizinha nenhuma que melhore ela. Já matou mais de cem viventes no estado e, como reumatismo, é doidinha por um velho.

Sinderval, meio alarmado, quis saber o que podiam fazer para evitar que a doença chegasse a Matozinho. Sebasto disse que por aí tão trancando o povo em casa, sem deixar sair na rua , fecharam o comércio e mandam que lavem as mãos com água e sabão e usem álcool na limpeza. E também proibiram forasteiros nas cidades.

Esta semana, por fim, após reunir a câmara, Sinderval publicou um decreto que estipula as medidas de combate à epidemia do Coronhavírus. O comércio da cidade fica fechado até ordem contrária, salvo os serviços essenciais: boticas, bares, bodegas e cabarés. Proibida a entrada de qualquer forasteiro na cidade, com exceção dos camboeiros e camelôs. Proibida as aglomerações humanas na praça, nos mercados, na igreja, com exceção das rodinhas nas calçadas.

Dias depois, Maneta precisou fazer um adendo ao decreto explicando que o uso do álcool com frequência era apenas para as mãos, pois houve um mal entendido e o estoque de fubuia do Bar de Giba, estava nas últimas. Lavar as mãos também carecia de água e em Matozinho existia peixe com dez anos que ainda não sabia nadar. As famílias têm pedido à prefeitura uma guarda policial domiciliar para manter os velhos dentro de casa, temem o início da terceira guerra mundial principalmente no dia do recebimento dos aposentos.

Ontem, defronte à prefeitura de Matozinho, uma solenidade marcava a incineração de mais de duas mil espingardas soca-soca apreendidas por ordem de Maneta. Antes de lançar o palito de fósforo e acender a pira ele explicou com ares de sanitarista:

— Estamos dando um passo importante para prevenir essa terrível doença na nossa cidade. Já que esse vírus perigosíssimo vem nas coronhas das armas de fogo, estamos queimando todas as espingardas de Matozinho. Pode não ter mais rolinha cachecha pra comer, mas, em compensação, tu te lascou: Coronhavírus!

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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