Em meio aos fogos de artifício da fraude nos cartões de vacina do chefe da milícia teocrática e seu entorno, o famoso manipulador das verbas do orçamento secreto, hoje apoiado pela federação, Arthur Lira, faz um verdadeiro escarcéu na abóbada do governo Lula.
O estrago foi grande, para apenas uma semana: o PL das fake News não é nem colocado em pauta, com alegações do presidente da Câmara de que não seria vencedora, que seria um fiasco, sendo essa uma negociação assumida prontamente pelo próprio poderoso Arthur Lira, que deu de cara com o apelo social gerado por essa votação e o poderio das big techs.
O fracasso dessa manobra fez com que ele, o que tem ares de primeiro ministro, caísse em derrota, atirando para cima do seu já desafeto, Rui Costa, ministro da Casa Civil, afirmando que a articulação do governo é amadora, ineficiente e bruxuleante, sendo o último termo um grifo meu, que se estende ao comboio de vacilações congênitas desse governo.
O definhamento do PL 2630 equivale a um champanhe falso, servido como refinamento da resistência, incluindo aí até mesmo uma grande blefada de Arthur Lira sobre a impotência de vitória do projeto de impedimento da livre circulação de mentiras dolosas e intencionais, nas chamadas infovias.
Aproveitando esse biombo de manipulações escusas, a presidência da câmara dos deputados não viabiliza a nomeação dos membros da CPMI dos atos golpistas, atrasando todo o processo de se querer dar nomes aos bois nesses currais do golpismo. E mais do que isso, o governo é derrotado mais uma vez, com a suspensão de trechos do Decreto do Marco do Saneamento.
Por dentro dessa nova derrota imposta ao governo Lula, Arthur Lira fala em desapontamento, em falta de articulação e de complô político. Não existe a menor possibilidade de surpresa nisso tudo. A impotência da base governamental é ululante. Se Arthur Lira já seria uma blasfêmia à idoneidade democrática sem o apoio do PT, com esse respaldo ardiloso, ele se torna uma esfinge posta no coração dos calabouços do Palácio Central. Daí para pior.
Por Marcos Leonel – Escritor e cidadão do mundo
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri