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A baixa costura de Matozinho – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve aos domingos neste espaço

16 de novembro de 2019
A baixa costura de Matozinho – Por J. Flávio Vieira
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D. Tudinha Catonho, contam os mais erados de Matozinho, teria sido a primeira costureira a se estabelecer, profissionalmente, na vila. Eram tempos em que as roupas ainda precisavam ser costuradas artesanalmente. Clientes compravam peças de pano nos mascates ou armarinhos da cidade e levavam para a costureira preparar vestidos para as mulheres e calças e camisas para os homens. Ainda não havia chegado a imposição da moda, trazendo a variedade de estilos e a necessidade de trocar as vestes antes que se rasgassem e puíssem miseravelmente. O sortimento de tecidos, a maior parte puxada a algodão, também contava-se nos dedos das mãos: morim, chita, brim e popeline, e só alguns mais remediados, nos fins de ano, compravam seda ou cambraia de linho para missa do galo. Os sapatos dos meninos e meninas adquiriam-se com dois ou três números maiores, preenchiam-se os bicos com algodão que se esvaziando, pouco a pouco , à medida que as crianças iam crescendo.

O certo é que D. Tudinha terminou sendo levada ao Corte & Costura por extrema carência local. No início da vila, não havia uma só matozense com habilidade para a arte e ela , naturalmente, abraçou a causa. Viúva, viu nas linhas, agulhas e carretéis, a possibilidade de alimentar a récua de sete filhos menores que se entaramelavam , toda hora, nas suas pernas. A necessidade fez o peixe pular fora do aquário. O diabo é que, a bem da verdade, D. Tudinha nunca tivera a mínima vocação para a costura. Armara-se, é certo, de uma velha máquina Singer, ainda movida a munheca e, dia e noite, com uma disposição de mãe que deseja salvar a ninhada, ouvia-se, ininterruptamente o nhoc-nhoc-nhoc do mecanismo. No que tange à pouca perícia de nossa modista, havia quase que um consenso: o grande problema não dizia respeito à costura em si, mas ao corte. Manejava mal a tesoura, a trena e o abridor de casas. Faltavam-lhe aulas de geometria.

O certo é que suas peças viraram folclore em Matozinho. Camisas com uma manga maior que a outra; calça com uma perna boca de sino e a outra skinny; bermuda masculina com a braguilha pra trás; paletó pegando marreca, justificado como a última moda em Paris; calção de menino com ri-ri de lado, segundo ela para evitar enganchar no pinto, na hora do pipi.

Fubuia, o cachaceiro da cidade, contou no Bar do Giba que soube, recentemente, que o grande Pierre Cardin, mestre da alta costura da França, estava vindo a Matozinho para conhecer e aprender com D. Tudinha. Segundo ele, tudo aconteceu quando soube de uma batina que nossa costureira tinha feito a pedido do Pe. Arcelino. Tudinha , utilizando todas as técnicas do antropofagismo , misturara muitas formas, grifes e tendências.

– O Cardin se encantou com a obra de arte da batina. A gola era de palhaço de circo. A parte de trás , tinha uma capa, parecendo um fraque de maestro de orquestra. As mangas apresentavam duas ombreiras grandes, como uns trampolins, e, nas beiradas, caindo penduricalhos em cascata, copiadas, certamente, da farda de algum general de carreira. Na frente, a batina tinha uma centena de botões e amarravam-se, do outro lado, com umas argolas de pano, inspiradas, com certeza, nas calçolas de Maria Justa lá da Boite Sorriso da Noite. Na cintura, havia um cordão de São Francisco, grosso como corda de ancorar navio. A partir da cintura, a batina não caía em formato de saia, mas transformava-se em calça que terminava no meio da canela, mostrando os cambitos finos de Pe. Arcelino, brancos como hóstias e contrastando com umas meias roxas, tipo semana santa, que subiam de canela acima como cobra engolindo caçote. Cardin precisa ver isso pessoalmente, jamais a alta costura vai ser a mesma, depois da batina de D. Tudinha !

Segundo Fubuia, Pe Arcelino terminou por desistir de usar a indumentária. É que , na rua, não tinha sossego, por onde passava o povo derrubava-o, tirando medida, batendo foto, para encomendar uma peça igual.

Semana passada, os matozenses estavam aguardando o governador do estado que prometera vir à cidade, para a inauguração de algumas obras do prefeito Sinderval Bandeira. Na praça, uma grande comitiva aguardava Dr. Francalino Candeal. O homem, recentemente, sofrera um grave acidente de carro e, comentava-se, ficara bastante avariado depois do ocorrido.

De repente, a sopa que fazia a linha Matozinho-Capital, parou defronte à praça. O primeiro a descer foi um homem de paletó, tudo encurvado como se fosse apanhar alguma coisa no chão, torto, andando com dificuldade e portando uma enorme corcunda, em feitio de mochila, nas costas. Sinderval adiantou-se e o abraçou efusivamente:

– Meu Governador ! Bem vindo a Matozinho!

Só então percebeu que se tratava, na realidade, do juiz de direito Onefasto Pereira. Sinderval tomou um susto danado.

– Dr. Onefasto, me perdoe! Eu o confundi com o governador. Mas o senhor, que eu saiba, era todo linheiro como uma taboca. Que diabos aconteceu ? Foi um ramo? Caiu dum avião?

Onefasto, com a cara de poucos amigos, retrucou:

– Teve nada não! Continuo o mesmo, prefeito! Foi o diabo dum paletó que encomendei a D. Tudinha! Pra andar dentro do bicho é preciso um contorcionismo danado. Coisa de dá nó cego em cobra de cipó.

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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