Neste ano, completam-se exatos 25 anos da minha formação. Há um quarto de século, a Medicina enfrentava um cenário desafiador, onde a ciência médica era mais arte do que exatidão. Nesse período, os médicos navegavam em territórios incertos, utilizando tecnologias médicas que, em comparação com os padrões atuais, pareciam primitivas. Hoje, ao olharmos para trás, testemunhamos uma transformação extraordinária que revolucionou a prática médica.
No início do milênio, as limitações nos exames de imagem e a falta de compreensão genética tornavam os diagnósticos mais dependentes da experiência individual dos médicos. Entretanto, nos últimos 25 anos, a genômica emergiu como uma força transformadora. Testes genéticos acessíveis trouxeram uma nova dimensão ao entendimento das predisposições genéticas, permitindo tratamentos personalizados e estratégias preventivas.
A ascensão da inteligência artificial foi uma peça-chave na revolução médica. Algoritmos avançados analisam grandes conjuntos de dados, proporcionando aos médicos informações precisas e rápidas para diagnósticos mais assertivos. Embora a IA não substitua a expertise médica, ela se tornou uma aliada valiosa na tomada de decisões complexas.
A cirurgia robótica, outrora uma visão futurista, agora é uma realidade comum. Procedimentos menos invasivos, precisão milimétrica e uma recuperação mais rápida redefiniram o padrão para a cirurgia, oferecendo benefícios significativos aos pacientes.
A telemedicina emergiu como resposta à sociedade moderna e conectada. Consultas virtuais, monitoramento remoto e a troca instantânea de informações médicas trouxeram uma abordagem mais acessível e eficaz, especialmente em áreas remotas ou com acesso limitado a serviços de saúde.
Entretanto, em meio a todas essas inovações, é crucial não perder de vista a essência humana na Medicina. A empatia e a compaixão continuam a ser fundamentais. Mesmo com toda a tecnologia, o relacionamento entre médico e paciente permanece como o cerne do cuidado médico.
À medida que refletimos sobre essas últimas duas décadas e meia, fica evidente que a evolução da Medicina não é apenas uma narrativa de avanço tecnológico, mas também uma história de resiliência e perseverança. A jornada contínua em busca de melhores formas de promover a saúde e aliviar o sofrimento humano é o que define o progresso médico, e o futuro promete continuar essa narrativa de cura e descoberta.
Por Mirta Lourenço. Médica, professora, cronista e poetisa
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora, e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri