O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs nesta sexta-feira (18) novas medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após considerar que ele confessou uma tentativa de extorsão contra o Poder Judiciário brasileiro. A decisão ocorre no âmbito de uma investigação sobre supostos crimes de coação, obstrução de Justiça e atentado à soberania nacional.
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Segundo Moraes, Bolsonaro condicionou a retirada do tarifaço imposto pelos Estados Unidos à sua própria anistia, o que configuraria uma manobra para pressionar o Supremo e interferir nos rumos do processo judicial que enfrenta.
📌 A acusação: extorsão e atentado à soberania
Na decisão, mantida sob sigilo parcial, Moraes afirma que a conduta do ex-presidente “é tão grave e despudorada” que ele teria confessado publicamente o intento de pressionar a Justiça brasileira em troca de vantagens pessoais.
“Expressamente, confessou sua consciente e voluntária atuação criminosa na extorsão que se pretende contra a Justiça brasileira, CONDICIONANDO O FIM DA ‘TAXAÇÃO/SANÇÃO’ À SUA PRÓPRIA ANISTIA”, escreveu o ministro.
A referência é ao aumento tarifário anunciado em 9 de julho pelo presidente norte-americano Donald Trump, que elevou para 50% as tarifas sobre exportações brasileiras, sob o argumento de que Bolsonaro estaria sendo alvo de uma “caça às bruxas” promovida pelo STF.
⚖️ Investigação e medidas cautelares
Moraes afirma que Bolsonaro passou a associar publicamente o fim das tarifas à concessão de anistia, em falas como a do domingo (13), quando disse que “com a anistia haveria paz para a economia”, e da quinta-feira (17), ao dizer: “Vamos supor que Trump queira anistia. É muito?”.
Na mesma decisão, o magistrado aponta que Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cometeram atos que atentam contra a soberania nacional ao estimular ações do governo norte-americano contra autoridades brasileiras.
Entre as medidas cautelares impostas por Moraes, estão:
• Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica;
• Recolhimento domiciliar das 19h às 6h e durante fins de semana;
• Proibição de contato com diplomatas ou representantes estrangeiros;
• Proibição de se comunicar com outros investigados;
• Proibição de uso de redes sociais.
💻 Apreensões e evidências
Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu na casa de Bolsonaro a petição inicial da ação judicial movida pela plataforma Rumble contra o ministro Moraes nos EUA, em parceria com o grupo Trump Media & Technology Group. O processo acusa o ministro de censura e contesta decisões do STF que afetaram contas da plataforma.
Agentes também encontraram um pendrive escondido no banheiro da residência. O material será analisado pela perícia da PF.
Além disso, o ministro destacou como suspeito o repasse de R$ 2 milhões feito por Bolsonaro ao filho Eduardo via Pix, em maio deste ano, enquanto ele já estava nos Estados Unidos. Segundo Moraes, isso fortalece o indício de “alinhamento operacional” entre pai e filho.
💬 O que diz Bolsonaro
Em entrevista concedida logo após ser monitorado por tornozeleira eletrônica, Bolsonaro classificou a investigação como “suprema humilhação” e disse que tem caráter “político”.
“Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para embaixada”, afirmou o ex-presidente, negando qualquer plano de evasão, em meio a boatos sobre possível refúgio diplomático.
Por Fernando Átila









