Era conhecida por um apelido afetuoso de infância: Mana. Talvez porque tenha sido sempre uma irmã carinhosa de muitos. Solidária, acercava-se de todos que pressentia estivessem precisando de alguma coisa. Casou com Mauricinho, uma figura generosa e que cultivou uma imensa leva de amigos. De bem com a vida, simples, boêmio, alegre, um exímio contador de causos e potocas, levaram os dois, sempre, uma vida tranquila e sem muitos sobressaltos.
Da árvore nasceram as filhas dedicadas, amorosas, solidárias: Bel, Savinha, Carmen, Moema (e podia ser diferente?) Mana era profundamente ligada à família e uma artista com a agulha e a linha. Da mesma forma que confeccionava as mais bonitas peças de vestiário, tecia amizades. Sua mãe, Tia Noialles, sempre me teve como um filho, talvez por minha próxima amizade com Savito e Eugênio. Mesmo distantes, sempre tive a percepção que estávamos perto, conversando na Casa Grande do Belmonte ou na casarão da Rua Dom Quintino que, por conta deles, devia ter mantido o antigo nome de Rua das Flores.
Neste sábado, numa dessas tristes encruzilhadas da vida, nos despedimos de Mana, com aquele mesmo travo na boca, que um dia nos fez, prematuramente, dar adeus a Verinha. Triste esse trem fantasma que é a vida que nos prega um susto a cada volta. Para mim, apesar do nevoeiro, fica a imagem de uma menina alegre, feliz e que soube degustar o cálice da vida com um misto de prazer e sofreguidão. E mais, que soube compartilhar o vinho com todos os que participaram da sua festa. Todos que a conheceram vão se lembrar dela como uma Mana. Que, dobrada a esquina, a estrada seja luminosa para quem, deste lado do caminho, só espalhou e refletiu luz. Mana!
Por J. Flávio Vieira. Médico e escritor. Membro do Instituto Cultural do Cariri (ICC). Agraciado com a Medalha do Mérito Bárbara de Alencar
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