O processo de aprendizado em um curso de arquitetura provém de uma soma de fatores diretamente relacionados ao exame, crítica e estudo de obras. O estudo detalhado de um projeto, reconhecendo o significado do partido arquitetônico e o pensamento de seu criador, contribuem de forma relevante à formação do espírito crítico. A teoria, história, crítica e prática de projeto são processos interligados que constroem e desenvolvem o intelecto do aprendiz.
Os estudos da história da arquitetura possuem particularidades que diferenciam-se dos estudos da história geral, embora ambos possuam pontos de ligação. Com base na sedimentação histórica formulam-se hipóteses, cria-se soluções, obtém-se êxitos assim como também fracassos. Embora procure entender fatos ocorridos, jamais deve ser confundida com o passado, pois baseia-se em uma dialética entre passado e presente.
Em arquitetura, a história mostra-se voltada ao descobrimento de valores universais e suas aplicações circunstanciais de forma a elucidar o sentido das obras arquitetônicas serem como são, assim como suas construções não devem ser consideradas do passado pela relação existente com o presente.
A teoria e a prática no que diz respeito ao campo da arquitetura possuem uma complementaridade, onde uma alimenta os resultados da outra. A teoria não deve ser interpretada como um manual de projeto e sim como uma tentativa de analisar e explicar as construções materiais por meio do uso de noções técnicas e da razão. A teoria está sempre aberta e evolui caso surjam dados que a questionem.
Segundo MAHFUZ, Edson (2003) apud MONTANER, Josep Maria chama a atenção pelo importante papel cultural que a crítica desempenha e pela sua relação próxima com a teoria, estética e história. A missão da crítica é interpretar e contextualizar por meio do estabelecimento de conexões entre o mundo das idéias e conceitos, e o mundo das formas projetadas e construídas.
Em um exercício de projeto desenvolvido em um ateliêr, pode-se analisar vários aspectos separadamente mas que juntos proporcionam o conhecimento e entendimento aprofundado da obra. São postos em análise o aspecto teórico que abrange as concepções arquitetônicas do período, o aspecto crítico no qual é posto o estudo do programa, a distribuição e qualidade do espaço e por último e não menos importante, o aspecto histórico, refletindo em uma análise estilística e técnica assim como a relação da edificação com a sociedade.
Não há crítica sem fundamentação teórica. O ensino de projeto, teoria, história e crítica desempenham juntos a mesma função, sendo esta o fortalecimento do conhecimento necessário à prática de projeto, parte fundamental do processo projetual.
Inspirado em: MAHFUZ, Edson, 2003; Teoria, história e crítica, e a prática de projeto, http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/640
Por Gabriela Gomes. Apaixonada pela Arquitetura e o Urbanismo. Acredita em uma arquitetura participativa como uma ferramenta capaz de provocar mudanças e promover a inclusão social. Por um Urbanismo sustentável e inteligente. Juazeirense, reside atualmente em San Jose, CA
*Este texto é de inteira responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri
Nota do editor: Esta é a última coluna da Gabriela Gomes. A estudante de Arquitetura se dedicará a outros projetos. O Revista Cariri agradece sua colaboração e lhe deseja sucesso.