Faltando poucos dias para o fim do terceiro mês da quadra chuvosa, abril de 2022 já pode ser avaliado como um bom mês no índice de precipitações. Em 26 dias, as chuvas deste mês fizeram o Ceará alcançar o melhor volume geral em seus reservatórios desde 2013, com 35,5% de sua capacidade máxima. De acordo com os dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), até a manhã desta terça-feira, 26, o acumulado deste mês de abril é de 172,5 milímetros (mm), apenas 8% abaixo da média histórica, que é de 188 mm. A expectativa é que o Estado termine o mês dentro da média histórica.
Curta e siga nossas redes sociais:
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
Os dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) apontam, ainda, que entre o primeiro dia de abril e o 26º, o volume armazenado nos reservatórios cearenses saltou 6,4%, saindo de 29,4% para os atuais 35,5%. Para Bruno Rebouças, diretor de operações da Cogerh, os resultados deste mês são positivos, mas a situação do Estado ainda exige atenção.
“No geral, temos o melhor nível de reserva desde 2013. Contudo, a distribuição dessas reservas não é homogênea no território”, relata Bruno, já que as precipitações não ocorrem de forma equilibrada em todo o Estado.
Atualmente, o Ceará possui as bacias hidrográficas da região norte com um ótimo índice em seus reservatórios. A bacia do Coreaú, por exemplo, está com cerca de 95% de sua capacidade, assim como a bacia do Acaraú, que está com cerca de 84% de sua ocupação máxima.
Por outro lado, as bacias na região central seguem com acumulados que não apresentam grande relevância. Até esta terça-feira, 26, o Banabuiú armazenava apenas 8,2% de seu volume máximo, já o Curu segue com pouco mais de 19% de armazenamento.
“São as regiões que demandam maior atenção. Contudo, devido ao fato de que o Ceará está inserido no semiárido, onde as incertezas são a principal característica da quadra chuvosa, sempre se deve manter a atenção e a diligência no uso da água”, afirma Rebouças.
Mesmo com o cenário desfavorável na região, o diretor de operações da Cogerh afirma que, do ponto de vista do abastecimento humano, essas localidades possuem garantia de abastecimento até o próximo ano. No quesito irrigação e demais usos da água, Rebouças acredita que o processo não deve ser interrompido, mas que restrições podem ser necessárias, a depender das chuvas.
Em termos gerais, para o meteorologista da Funceme Bruno Rodrigues, todas as macrorregiões cearenses encontram-se dentro da normalidade. O especialista destaca que, até o momento, a microrregião de Fortaleza registrou os maiores acumulados deste mês, com 290 mm.
“Mesmo faltando cinco dias para o fim do mês, é possível que abril se mantenha dentro da média histórica, visto que a previsão para os próximos dias aponta chuva em todas as regiões. Cabe destacar que uma avaliação final das chuvas só poderá ser confirmada após o dia 30 de abril de 2022”, relata Rodrigues.
Questionado se já é possível afirmar que o Ceará caminha para o quinto ano seguido sem seca, após o fim da estiagem histórica, que se prolongou entre os anos de 2012 e 2017, o especialista prega cautela.
“Como os meses de abril e maio contemplam a quadra chuvosa, sendo esse o principal período de chuvas no Estado do Ceará, e ainda não temos as informações de chuva por completo, não é viável fazer esta afirmação, já que precisaríamos ter, pelo menos, o final de abril com chuvas regulares e ainda o mês de maio dentro da normalidade”, explica.
O meteorologista afirma que os meses de pós-estação (junho e julho) ainda podem influenciar nos valores da média anual de chuvas. Mesmo antes do fim da quadra chuvosa deste ano, 2022 já possui um dado bastante positivo. O bimestre março/abril é o que apresenta, historicamente, as maiores médias de chuva, neste ano a média histórica do período já foi superada em 12%.
Cenário ainda é de alerta
No início do mês de abril, Francisco Teixeira, titular da Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado (SRH), havia relatado que o volume armazenado no Estado após o fim da quadra chuvosa deveria ficar entre 35% e 40%, apesar das chuvas de abril, o prognóstico não mudou. Questionado se o valor traz segurança para o Ceará, Teixeira afirma que segue em alerta.
“Mesmo que o Estado chegue aos 40% ou mais, o cenário ainda será de alerta. Porém, com garantia de abastecimento hídrico tranquilo. Só se considera uma situação confortável acima de 50% de reserva hídrica”, afirma. O secretário afirma que, apesar do fim da seca em 2017, o ano de 2018 ficou “meramente dentro da média”, assim como o ano de 2019 não apresentou aporte significativo para os reservatórios do Estado.
“O único ano que houve aporte mais significativo foi 2020, que saiu do cenário de seca, porém não saímos da situação de alerta”. Para o restante de 2022, Teixeira afirma que é preciso esperar os próximos meses para saber qual será a situação do Ceará ao longo do ano. “As chuvas seguem como o previsto pela Funceme, dentro da média e, consequentemente, os aportes dentro da média. Ainda falta um pouco para acabar a quadra chuvosa. Vamos aguardar para saber como serão os aportes”, finaliza Teixeira.
Por Gabriel Borges
Fonte: O Povo